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- O IPCA subiu para 0,56% em outubro, contra 0,44% em setembro, refletindo um aumento nos preços de alimentos e energia elétrica
- A alta nos preços de alimentos essenciais e energia elétrica afetou mais intensamente as classes mais pobres, que gastam uma maior parte de seu orçamento com esses itens
- A energia residencial subiu 4,74% em outubro, devido à bandeira tarifária vermelha patamar 2, refletindo o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas
- As famílias de renda alta experimentaram uma deflação de 11,5% nas passagens aéreas e de 1,5% no transporte por aplicativo, aliviando o impacto da inflação
- Enquanto os mais ricos sentiram menos pressão, os mais pobres enfrentaram aumentos significativos em itens essenciais, evidenciando a desigualdade econômica no Brasil
A inflação no Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acelerou em outubro, afetando de maneira desigual as diferentes faixas de renda, conforme dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta terça-feira (12). O aumento foi generalizado, exceto para as famílias de renda mais alta. Que, dessa forma, observaram certa estabilidade nos preços, principalmente devido à queda nos custos de transporte aéreo e por aplicativo.
De acordo com o IBGE, o IPCA registrou uma alta de 0,56% em outubro, comparado a 0,44% no mês anterior. Esse aumento foi influenciado principalmente por reajustes nos preços de alimentos e de energia elétrica. Que, contudo, pesaram mais no orçamento das famílias de baixa renda. O setor de “alimentação”, por exemplo, teve um aumento significativo de 1,06%, enquanto “habitação” subiu 1,49%. Contudo, impactando diretamente os consumidores de classes mais baixas, que destinam uma parcela maior de sua renda a esses produtos e serviços.
Alimentos e energia elétrica como vilões
O aumento no preço da energia elétrica foi um dos maiores responsáveis pela aceleração da inflação em outubro. Com a bandeira tarifária vermelha no patamar 2, que implica em uma cobrança adicional mais alta, os consumidores enfrentaram um aumento de 4,74% no custo da energia residencial. A alta nos preços de alimentos essenciais e energia elétrica afetou mais intensamente as classes mais pobres, que gastam uma maior parte de seu orçamento com esses itens.
Além disso, os preços de alimentos como carne, leite, frango, óleo de soja e café também tiveram alta expressiva. Esses produtos pesam muito no orçamento das famílias de menor poder aquisitivo, o que fez com que esse grupo sentisse a inflação de forma mais intensa.
Embora o aumento nos preços desses itens tenha afetado toda a população, a concentração do gasto com alimentos e energia nas classes de renda mais baixa resultou em um impacto proporcionalmente mais forte.
Impactos diferenciados nas classes de renda
O Ipea destacou que, enquanto as famílias de renda mais baixa enfrentaram um aumento significativo nos custos de itens essenciais, as famílias de renda alta experimentaram uma inflação mais amena. Graças a uma “deflação” observada em alguns setores. Um dos principais alívios para as classes mais altas foi a queda de 11,5% no preço das passagens aéreas. Uma redução acentuada que ajudou a equilibrar o orçamento desses consumidores. Além disso, o custo do transporte por aplicativo também apresentou uma redução de 1,5%. Dessa forma, contribuindo para a menor pressão inflacionária sobre essas famílias.
Essa diferença no impacto da inflação entre as classes sociais reflete as desigualdades estruturais do país. Dessa forma, com os mais pobres sendo mais vulneráveis às variações de preços de bens essenciais. A aceleração da inflação em outubro, portanto, destaca a necessidade de medidas políticas que atenham tanto os aumentos generalizados nos preços quanto as disparidades no impacto sobre as diferentes camadas da população.
Em resumo, a inflação de outubro no Brasil evidenciou a disparidade entre os efeitos sentidos por diferentes faixas de renda. Enquanto as famílias mais pobres enfrentaram pressões elevadas devido aos aumentos de alimentos e energia, as famílias de alta renda tiveram uma redução em gastos com transporte. O que “suavizou” o impacto da inflação para esse grupo. A análise do Ipea traz à tona a complexidade dos efeitos econômicos e a importância de políticas públicas voltadas para a redução das desigualdades.
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