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Lucrou ontem com alta histórica da Copel? Ações da Copel dispararam e fecharam nesta segunda com maior valor desde 1997 após notícias sobre privatização.
Menos de um mês depois de dizer que estudava uma operação no mercado de capitais para “otimizar sua participação” na Copel, o Estado do Paraná anunciou a privatização da empresa – um movimento que deve criar mais uma corporation no setor de energia, nos moldes do que foi feito com a Vibra (VVBR3) e a Eletrobras (ELET3).
A privatização da empresa dependerá de autorização legislativa. O projeto de lei deverá ser encaminhado ainda hoje e será analisado pelo Tribunal de Contas do Estado, mas analistas afirmam que “Já está tudo costurado” para privatização, segundo projeto detalhado apresentado por Ratinho Jr, atual governador do Paraná.
Para o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura, “sem dúvida é um fato a ser comemorado, ainda mais no atual contexto onde se ouvem discursos atrasados em Brasília daqueles que voltam ao passado defendendo o fim de programas de privatização e o fortalecimento de empresas estatais.”
A movimentação trouxe a Copel de volta para o radar do mercado, e as ações engataram uma forte alta no pregão que iniciou a semana. As ações CPLE6 fecharam em alta de 22,07%, a R$ 8,74. O avanço nas units CPLE11 também superou os 22%.:
Após lucrar ontem, ainda posso ganhar mais com a Copel?
A alegria dos acionistas da companhia pode continuar. Embora o forte avanço no preço de uma ação diminua o retorno em dividendos (dividend yield) para os investidores, analistas consultados pelo InfoMoney se mostraram otimistas com os proventos futuros da empresa, que deve ganhar eficiência operacional, liquidez e reduzir o seu endividamento após ser privatizada. As projeções vão de 6,5% até 8,2% de dividend yield para CPLE6 em 2023.
Atualmente, a política de dividendos da Copel utiliza variáveis como alavancagem financeira (nível de endividamento) e fluxo de caixa disponível para as distribuições, explica Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest. O pagamento ocorre pelo menos duas vezes ao ano, explica o analista.
Quando a alavancagem da Copel – representada pelo indicador de dívida líquida/Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) – está maior do que 2,7 vezes, o payout (parcela do lucro líquido destinada a proventos) é de 25% do lucro líquido.
O payout aumenta conforme o endividamento diminui. Se a alavancagem financeira estiver entre 1,5 e 2,7 vezes, o pagamento será de 50% do lucro líquido, limitado ao fluxo caixa disponível – que é a diferença entre o caixa gerado pelas atividades operacionais e o Capex (investimento na empresa).
Já se alavancagem estiver abaixo de 1,5 vez, o payout será de 65% do lucro líquido, limitado ao fluxo de caixa disponível.
“Caso não haja lucro líquido, a companhia não tem a obrigação de distribuir proventos”.
Explica Biz, que não acredita em mudanças na política de dividendos no curto prazo.
Privatização favorece capitalização
Na visão de Anderson Meneses, Fundador e CEO da Alkin Research, a privatização permitiria uma melhor capitalização da Copel, reduzindo assim sua alavancagem financeira e favorecendo o aumento na distribuição de dividendos, de acordo com a política atual.
Outra vantagem, segundo Meneses, seria acelerar o plano de crescimento da companhia, melhorando a sua capacidade financeira.
“A figura de uma corporation (sem acionista controlador e com capital disperso) deve trazer um maior interesse pelas ações da Copel e consequentemente múltiplos mais elevados”, avalia o CEO da Alkin Research.
A junção destes fatores se traduziria em um aumento dos dividendos da empresa. Meneses projeta um dividend yield para as ações CPLE6 de 6,5% em 2023, equivalente a R$ 0,56 de dividendos por ação, já embutindo o salto de mais de 20% no preço dos papéis na sessão desta segunda-feira (21).
Segundo ele, os acionistas que já tinham os papéis na faixa dos R$ 7, antes do anúncio da privatização, devem ter retornos próximos a 2 dígitos em dividendos nos próximos anos.
Biz, do GuiaInvest, acredita que pelo menos no curto prazo não deva ocorrer uma alteração significativa nas distribuições de dividendos da Copel. Já no longo prazo, ele avalia que a principal vantagem de uma privatização seria uma alocação de capital mais eficiente, aumentando as margens e rentabilidade da Copel, o que daria espaço para as ações valorizarem no longo prazo e as distribuições de dividendos se tornem previsíveis e consistentes.
Contudo, alerta que o fato de a companhia ser privatizada não significa necessariamente que os dividendos aumentarão.
Follow @oguiainvestidor“No último ano, os fortes dividendos da Copel foram afetados por eventos não recorrentes. O dividend yield da empresa tende a diminuir, mas ainda continua atrativo”, destaca. Não acredita, no entanto, que a companhia permaneça entre as maiores pagadoras da Bolsa. A projeção de Biz é de que a Copel tenha um dividend yield de 8,2% em 2023.
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