No último trimestre de 2023, as ações brasileiras surpreenderam o mercado com um bom desempenho, acompanhando o otimismo global e uma expectativa de apetite ao risco maior em 2024. A queda de juros em longo prazo e a adequação dos níveis de valuation levam a perspectivas favoráveis.
Diante do panorama macroeconômico ainda incerto, combinado a avaliações atrativas, existe a oportunidade de obter retornos satisfatórios sem a necessidade de assumir riscos excessivos. Nesse contexto, alguns papéis se tornam mais atraentes para acompanhamento no próximo ano.
Petrobras (PETR4): as receitas provenientes da produção e distribuição de petróleo tendem a aumentar. Mesmo com a expectativa de entrada do Brasil na OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados), em caráter cooperativo no cenário global, o corte da produção de petróleo no país é improvável. O crescimento continua sendo um dos principais atrativos para investidores. Além do esperado aumento da produção, o acordo judicial, que prevê o pagamento de R$ 1,2 bilhão da Eletrobras para as contas da Petrobras em processo iniciado em 2010, pode impactar diretamente os recursos da empresa nos próximos meses.
Embraer (EMBR3): a empresa líder mundial na fabricação de jatos comerciais de até 130 assentos e terceira maior fabricante global, foi considerada a quarta empresa mais inovadora do Brasil, com mais da metade da receita proveniente de inovações criadas nos últimos anos. Com o desenvolvimento de aeronaves 100% elétricas e projetos disruptivos como o eVTOL, o carro elétrico, a empresa tende a crescer seu faturamento e atrair olhares dos investidores, principalmente aqueles interessados em ciência e tecnologia.
Itaú Unibanco (ITUB4): o maior banco do Brasil, segundo o BC, liberou a negociação direta de criptomoedas, após fazer parte da Abcripto (Associação Brasileira de Criptoeconomia), junto de companhias como Visa e Mastercard. As estratégias da empresa alinham visão de longo prazo com boas perspectivas de crescimento para o ano de 2024. A expectativa de dividendos supera a casa de R$ 10 bilhões para os acionistas nas seguintes distribuições.
Vivara (VIVA3): uma das principais marcas de joias do Brasil, apresentou resultado e desempenho satisfatórios, com destaque para a receita gerada pelo segmento de itens de prata, chamada Life, com 84 unidades e quase um quinto da receita total da companhia. Referência no setor de luxo, com peças estampadas no maior ícone da moda brasileira, a modelo gaúcha Gisele Bündchen, há mais de 15 anos, a empresa possui alta capilaridade nacional e até mesmo internacional, preparando uma importante expansão em 2024.
Vale ressaltar que as ações recomendadas variam de acordo com o perfil do investidor: conservador, moderado e agressivo.
Por fim, pode-se concluir que o cenário para 2024 é promissor com a manutenção da Petrobras e os bancos contribuindo para alavancar a performance da bolsa, visto que os investidores devem se voltar a empresas maiores e mais líquidas, que ainda associam o crescimento ao investimento em inovação. O otimismo em relação aos riscos fiscais, às estratégias políticas globais e nacionais e à taxa de juros também contribui para um maior retorno das ações de empresas brasileiras.
*Por Rafael Kenji Hamada, médico, CEO da FHE Ventures e da Health Angels Venture Builder, fundos de investimento no formato de venture builder, com tese em saúde e educação.