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Buy the dip: o que estrangeiros compram ações em queda?

Essa dinâmica não é nova, mas carrega lições valiosas sobre visão de longo prazo e análise de ciclos econômicos.

acoes bolsa
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Nos momentos de queda da Bolsa de Valores, é comum observar uma reação emocional de muitos investidores locais, marcada por saídas precipitadas e vendas de ativos a preços desvalorizados. Contrariando esse movimento, investidores estrangeiros, conhecidos por uma abordagem mais estratégica, enxergam nesse cenário uma oportunidade rara de entrada no mercado. Essa dinâmica não é nova, mas carrega lições valiosas sobre visão de longo prazo e análise de ciclos econômicos.

Dados recentes reforçam essa percepção. Na primeira semana de janeiro de 2024, por exemplo, investidores estrangeiros injetaram R$ 1,93 bilhão na bolsa brasileira, enquanto resgates em 2023 totalizaram apenas R$ 776 milhões no mesmo período, de acordo com a Quantezed. Este movimento contrasta com a saída de investidores locais em momentos de baixa, mostrando uma diferença fundamental no comportamento entre os dois grupos e a confiança dos investidores internacionais no potencial do Brasil – mesmo diante de incertezas.

Oportunidades na crise: as lições dos ciclos

O mercado financeiro opera em ciclos, de modo que os períodos de contração antecedem as fases de recuperação. Investidores de países estrangeiros reconhecem que esses momentos de desvalorização, embora desafiadores, oferecem ativos descontados com significativo potencial de valorização futura. A análise deles vai além dos ruídos do momento, considerando métricas sólidas como fluxo de caixa, capacidade de geração de receita e a exposição das empresas ao mercado global.

Na última terça-feira (3), enquanto o Ibovespa subia 0,72%, estrangeiros investiram R$ 324,6 milhões no segmento secundário da B3, focando em ações já listadas. Este movimento reforça a ideia de que, mesmo com um saldo anual negativo de R$ 33,2 bilhões, há momentos em que a entrada de capital externo reflete uma visão de longo prazo, aproveitando oportunidades de mercado.

Para os investidores atentos, o atual momento de queda nos preços cria uma oportunidade de posicionamento. Empresas com fundamentos sólidos, que mantêm alta eficiência operacional têm tudo para se beneficiar da próxima onda de valorização. E, com valuations atuais ainda abaixo da média histórica, a relação risco-retorno se apresenta muito favorável – para quem souber esperar.

Além dos ciclos: riscos calculados e disciplina

Investir exige coragem e disciplina. A volatilidade é inevitável e pode ser recompensada por retornos consistentes, mas isso não significa que não há riscos a correr. Por isso, a lógica estrangeira não é movida apenas por otimismo, mas por uma avaliação cuidadosa dos preços descontados para enfrentar as adversidades do mercado.

Nesse contexto, a análise de setores e empresas deve ser criteriosa. Não é apenas uma questão de comprar barato, mas de escolher os ativos certos: organizações com modelos de negócio resilientes, endividamento controlado e capacidade de adaptação às flutuações econômicas.

Por Arthur Mokarzel, sócio da Anova Wealth Bauru