Desde que as criptomoedas começaram a ganhar tração, muitos fatores políticos e econômicos influenciaram seu desenvolvimento. Uma dessas forças, de acordo com diversas análises de especialistas, foi a entrada de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos (2017-2021). Embora ele próprio tenha feito declarações contraditórias sobre o Bitcoin e outras criptomoedas, o ambiente regulatório, econômico e a atenção global gerada pelos EUA nesse período acabaram contribuindo para dar mais visibilidade e força ao setor cripto.
É um fato concreto que o governo Trump foi muito significativo para quem é “cripto nativo”, impactando o crescimento do blockchain tanto nos Estados Unidos, quanto no resto do mundo, incluindo o Brasil. Temos agora um novo cenário com as promessas de campanha que o presidente fez para seu segundo mandato.
Em 2017, o governo Trump aprovou uma grande reforma tributária que reduziu impostos para empresas e, em menor grau, para pessoas físicas. Essa reforma aumentou a liquidez no mercado financeiro, pois muitas companhias e investidores passaram a ter mais recursos disponíveis para investir em novas oportunidades, inclusive em criptomoedas e projetos de blockchain. O reflexo pôde ser visto no decorrer daquele ano, que iniciou com o valor total (capitalização de mercado) de todas as criptomoedas em torno de US$17 bilhões e chegou em dezembro com mais de US$600 bilhões.
Apesar das polêmicas do primeiro mandato de Donald Trump, muitos legisladores e agências reguladoras norte-americanas (como a SEC – Securities and Exchange Commission) começaram a discutir de forma mais clara as regras sobre criptomoedas. Não houve uma regulação definida e restrita, o que gerou um “vácuo regulatório” temporário. Para os cripto nativos, essa lacuna foi positiva no sentido de que projetos de blockchain puderam inovar, testar tecnologias e atrair fundos sem a barreira imediata de regulamentações rígidas. Em vez de se criar leis severas desde o início, o governo Trump manteve certa distância, permitindo, em muitos casos, o mercado se autorregular.
A presença constante de criptomoedas nos noticiários, que foi intensificada pela alta histórica de 2017 e por declarações polêmicas, incluindo tuítes do próprio Trump, que criticava o Bitcoin, chamou ainda mais a atenção de investidores institucionais e de pessoas comuns. Muitas delas resolveram entender melhor o conceito de blockchain, rendendo ao mercado cripto um crescimento expressivo de usuários. Para se ter ideia do avanço do setor, em 2017 estimava-se que havia cerca de 5 a 10 milhões de usuários de carteiras de criptomoedas em todo o mundo. Em 2021, esse número já passava de 100 milhões, segundo dados de diversas exchanges e relatórios de mercado.
Apesar das idas e vindas no cenário político, Donald Trump lançou, ao final de 2024, uma plataforma de campanha que incluiu propostas específicas para blockchain e criptomoedas para seu segundo mandato. Essas propostas envolviam a criação de uma força-tarefa específica para criptomoedas, incentivo fiscal para empresas de blockchain, adoção governamental de soluções em blockchain e maior clareza regulatória.
Essas promessas de campanha, caso essas sejam efetivamente colocadas em prática, poderão consolidar os EUA como polo global de inovação em blockchain, atraindo novos projetos e investidores de todo o mundo. Para o Brasil, que já conta com um número crescente de usuários e startups no segmento cripto, essa expansão internacional deve resultar em mais oportunidades de parceria, investimento e desenvolvimento de soluções tecnológicas.
Portanto, o que temos é um cenário otimista: se os avanços regulatórios e a adoção por parte de governos e instituições financeiras ocorrerem no ritmo esperado, a tecnologia blockchain tem tudo para se consolidar como a espinha dorsal de uma nova era digital, beneficiando não só a economia dos Estados Unidos, mas também a do Brasil e de diversos outros países ao redor do mundo.
Por John Rhodel Bartholomé, Fundador da Sunset Labs empresa Business Development da Polkadot no Brasil e Paraguai, Fundador do VDS Academy, formado em engenharia de software com MBA em Gestão de Projetos.