No dia 24 de março, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou uma resolução que lançou oficialmente o projeto Open Finance no Brasil. Tão disruptivo quanto o Pix, que é já o principal meio de pagamento na atualidade, responsável por mais de 1,6 bilhão de transações financeiras no País, considero o Open Finance uma evolução importante do Open Banking, e não uma simples mudança de nomenclatura. O Open Finance será a revolução no mercado financeiro tão aguardada por milhões de brasileiros, não tenho dúvidas.
Enquanto o Open Banking, em suas fases iniciais, abarcava apenas os produtos mais tradicionais, como conta corrente, cartões e empréstimos, o Open Finance amplia o espectro do sistema aberto, e passa a contemplar modalidades de produtos mais sofisticadas, como crédito, câmbio, seguros e previdência.
Mas, na essência, nada muda. A decisão de compartilhar os dados financeiros com outras instituições permanece, única e exclusivamente, nas mãos do cliente, o que lhe confere autonomia e poder de decisão. E quando se fala da relação do indivíduo com as suas finanças, transparência, segurança e independência são fatores primordiais. Os objetivos também permanecem os mesmos: quebrar monopólios, tornando o mercado financeiro nacional mais competitivo, e dar a oportunidade ao cidadão de escolher onde e como cuidar do seu dinheiro.
Só para ter uma ideia, segundo dados divulgados recentemente pela Serasa Experian, o Open Banking pode incluir 4,6 milhões de brasileiros no mercado de crédito. Isso ocorre porque o sistema aberto gera mais competitividade e, com isso, tende a trazer linhas de financiamento com melhores taxas e condições mais atrativas. É menos foco no “spread”, nos ganhos, e mais atenção à qualidade e à excelência do atendimento ao cliente. Com isso todos ganham.
Por fim, ainda no que tange à competitividade, o Open Finance também abre as portas em definitivo para os mais diversos atores do setor, colocando-os em uma condição de igualdade perante os grandes bancos na disputa pelos clientes. As fintechs saem na frente nesse cenário por uma questão de mentalidade — elas têm a inovação no DNA e reagem mais prontamente, e positivamente, a iniciativas como a do Banco Central. Além disso, possuem modelos mais enxutos e conseguem desenvolver produtos e soluções com maior celeridade.
É importante ressaltar que nem todas as mudanças trazidas pelo Open Finance serão vistas no curto prazo. Pode levar algum tempo para que as pessoas percebam o valor dessa magnífica iniciativa. Apesar disso, reforço: o Open Finance será muito benéfico para os clientes e para as instituições financeiras. Ele é um passo importante para avançarmos em definitivo na inclusão e na democratização do acesso ao dinheiro e ao crédito no País.
Por Mariana Lazaro, CFO da SumUp para a América Latina