Você já parou para pensar nos motivos de o Brasil não figurar entre as maiores economias do mundo? Afinal, nossa nação é rica em história, território, recursos naturais e em cultura. No entanto, quando se trata de desenvolvimento econômico, sempre deixamos a desejar contra os principais nomes do planeta. Mas por que isso acontece? Entenda agora algumas das principais razões da economia brasileira não aprender a “caminhar para frente”.
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O que é valor?
Primeiramente, antes de entendermos mais a fundo o caso da atual economia brasileira, precisamos conversar sobre um importante conceito econômico: a geração de valor.
O grande truque por trás das relações econômicas globais é a geração de valor. Mas você entende o que isso significa?
Os conceitos de valores sempre estão variando. Afinal, algo irá valer “mais ou menos” em diferentes circunstâncias. Esse fator se alinha muito bem com outro fundamento econômico: a lei da oferta e da demanda.
Você pode estar perdido com tantos termos econômicos, mas quando colocado em prática, tudo fica mais simples não é mesmo? Então vamos a um exemplo.
Um exemplo especial é sempre citado nos primeiros períodos da faculdade de economia: o copo de água no deserto.
Como gerar valor?
Quanto você pagaria por um copo de água? Essa pergunta requer muitas interpretações. Afinal, até onde você está disposto a pagar por um simples copo de água. Se você estiver em casa, tranquilo curtindo umas férias, provavelmente não pagaria um preço acima do comum em um copo de água. Agora, se você estiver perdido no deserto a três dias, provavelmente iria vender até “as cuecas” para saciar sua sede.
A geração de valor varia em como aumentar a necessidade de determinado item. O que chamamos na economia de escassez, quanto mais escasso, maior o valor de determinado produto.
Quando falamos de economias em geral, ou seja, a capacidade produtiva de um país, precisamos entender que uma nação rica, é uma nação que gere mais valor que suas concorrentes.
O que torna um país rico?
Já parou para pensar o que realmente torna uma nação rica? Recursos naturais? Produção industrializada? Altos níveis de exportação?
Bem, com certeza todos estes elementos fazem parte da conta. Mas, pelo cenário atual da economia do globo, podemos dizer que as nações mais ricas são aquelas que possuem um maior valor agregado em sua indústria.
Atualmente, na economia, podemos citar o valor agregado como grau de complexidade tecnológica, um termo bem ligado a industrialização.
Quando estamos falando de indústria, lembramos rapidamente de fábricas e grandes produções, mas nem sempre apenas estes elementos são o suficiente para levar uma companhia para onde, por exemplo, a China chegou. Afinal, existe uma grande diferença entre produzir sapatos e chips semicondutores.
O gráfico abaixo, expõe a relação entre PIB e complexidade econômica. Ou seja, mostra diretamente o quanto as economias mais desenvolvidas geram em “receita” em comparação com países mais subdesenvolvidos.
Apenas com uma “rápida batida de olhos” podemos ver algumas relações já conhecidas. Com países com o menor PIB per capita sendo os Africanos (representados em amarelo no gráfico). A grande “coincidência” é que estes países também estão entre os piores colocados entre os países com os maiores índices de complexidade tecnológica.
O Brasil está “perdido” no centro do mapa, trilhando seu caminho rumo a complexidade, mas ainda longe das grandes potências asiáticas e europeias.
A diversificação indústrial
Outro ponto de destaque entre as principais economias do mundo (e que dita a hierarquia das potenciais mundiais) é a capacidade de diversificação das economias desenvolvidas.
Pense no seguinte cenário, colocamos frente a frente três países: Gana, Argentina e Holanda. Gana se destaca como uma exportadora de peixes. Um item de complexidade industrial praticamente nula. Já a Argentina, também consegue exportar peixes, e consegue produzir queijos para exportação. Apesar de ser um bem de ainda baixo valor agregado, requer mais destreza na manufatura e um maior valor agregado.
Por fim, a Holanda consegue produzir os outros dois itens, e, além disso, possui fábricas de grandes aparelhos, como máquinas de Raios-X.
A maior diversidade de capacidade produtiva aponta o nível de complexidade tecnológica, e apontam as nações que largam na frente na corrida do desenvolvimento global.
Brasil: uma economia que não aprende?
Se o gráfico aponta que as ações mais ricas são as com os maiores graus de complexidade tecnológica, o problema do Brasil fica bastante aparente.
Afinal, o Brasil, desde suas origens possui um comportamento produtor, este amplamente explorado durante o processo colonial. Atualmente, estamos livres da coroa portuguesa, mas as chagas do pensamento colonial —voltado para a produção de insumos — segue como uma das maiores vertentes da economia brasileira.
O Brasil é um país rico em recursos naturais, e por conta disso, baseia grande parte de sua economia na produção e exportação de Commodities. Os níveis de produção são significativos a ponto de manter o Brasil nos holofotes da economia global, mas a falta de complexidade tecnológica mantêm o país “amarrado com os dois pés” no chão. Afinal, enquanto plantamos café, a China produz satélites.
Ou seja, a restrição do pensamento produtor restringe novos ciclos econômicos, o que prejudica, em geral, o desenvolvimento da economia brasileira. Parece que estamos fadados a viver em uma economia que não aprende.