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Entre as companhias que geraram fortes expectativas no mercado em virtude de sua IPO, está a AgroGalaxy. Certamente chama a atenção pelo ecossistema agro que criou, e sabe muito bem se projetar de forma a atrair atenções. Entretanto, a pergunta que não quer calar é: vale a pena participar desta Oferta Pública Inicial de ações?
“AgroGalaxy: Alavancada até o Céu”
É assim que começa o relatório recente sobre a companhia, assinado pela analista Danielle Lopes e emitido pela Nord Research.
Sobre a companhia
A Agrogalaxy surgiu em 2014 como uma plataforma a partir do fundo de investimentos Aqua Capital. Trata-se de um fundo de investimentos independente, com foco em empresas de médio porte dos setores de alimentação, logística e agronegócio. É aí que nasce a Agrogalaxy, uma empresa de varejo gerida pelo fundo Aqua Capital, anunciada como o “universo do agro” que engloba outras sete companhias deste ecossistema.
Entretanto, pode parecer algo complexo de início, mas como bem pontuado pela analista da Nord, Danielle Lopes, esta é, basicamente, uma rede de lojas de sementes de soja e milho. Outras atividades compõem o portfólio da companhia, como adubo e defensivos agrícolas, mas mais de 90% da receita vem da originação e comercialização das sementes.
“Como 80 por cento das vendas são “barter” (venda à prazo, na qual o comprador paga com a produção), a AgroGalaxy já possui a infraestrutura para a originação.”
Como consta no relatório da Nord Research sobre a companhia agro
Vale destacar que uma forte estratégia competitiva desta companhia é o investimento em crescimento inorgânico, que também consiste em comprar as empresas concorrentes. Outro ponto considerável é a atuação da candidata ao IPO, visto que a Agrogalaxy está presente em nove estados, alcançando mais de mil cidades. Nesse sentido, a empresa possui atualmente 93 lojas físicas, 19 silos com unidade de armazenamento para grãos e 3 plantas próprias de sementes. Isto além de mais 2 plantas com parceiros.
Sobre o IPO da Agrogalaxy
A Oferta Pública Inicial de ações (IPO) da Agrogalaxy foi precificada com valor entre R$ 15 e R$ 20, sendo a faixa média de R$ 17,50. Dada esta média, a expectativa é de que a companhia levante cerca de R$ 1,4 bilhão.
A oferta das ações está prevista para ocorrer como 50% primária, quando os recursos levantados vão para o caixa da companhia. Enquanto isso, os outros 50% serão embolsados pelos atuais acionistas.
Ou seja, a oferta secundária acontece em quantidade significativa, podendo gerar questionamentos como: o que levaria os atuais acionistas a se desfazerem de tantas ações? Faz sentido realizar lucros em tamanha parcela de uma empresa de crescimento que terá cerca de R$ 3 bilhões de valor de mercado?
Ademais, confira a destinação para os recursos a serem levantados com a IPO:
O que os especialistas indicam para estes ativos?
De acordo com a casa de análises Nord Research, a companhia apresenta um crescimento que requer ser analisado com atenção. Acontece que, ao mesmo tempo em que avança, também amargura uma alavancagem preocupante, previsto a 5x Dívida Líquida/Ebitda após oferta. A analista ainda afirma que “a AgroGalaxy é cara, ainda mais se colocarmos na conta a impossibilidade de as margens atingirem níveis mais interessantes”.
Dessa forma, mesmo se beneficiando de um bom momento para as commodities, as perspectivas para a agro seguem baixas. Sendo assim, Lopes qualifica o negócio a longo prazo como, no máximo, mediano e com riscos muito elevados.
Por fim, a Nord indica a baixas margens, alto endividamento, rentabilidade questionável e preço elevado, como bons motivos para a não adesão ao IPO da AgroGalaxy.
Este artigo tem, unicamente, a função de informar e colaborar com o processo de aprendizado e evolução dos investidores. Sendo assim, não promove recomendações de compra ou venda.
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