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A empresa americana AES tomou a decisão de contratar os bancos Goldman Sachs (GSGI34) e Itaú (ITUB4) para realizar a venda de seus ativos de geração de energia elétrica no Brasil. Essa movimentação estratégica ocorre em um momento de incerteza no mercado macroeconômico e setorial, devido à possibilidade do governo aumentar sua influência sobre empresas privadas e às flutuações de preços desafiadoras no mercado livre de energia.
A empresa esclareceu que sua controladora está considerando alternativas para financiar o crescimento e aprimorar sua estrutura de capital.
A AES Brasil, com um valor de mercado de R$ 6,8 bilhões. A AES dos Estados Unidos é uma de suas principais acionistas, juntamente com o BNDESPar, o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Saída já era esperada
A AES tem presença no Brasil desde 1997. A empresa já realizou investimentos no setor durante as privatizações conduzidas pelo governo de FHC. A saída da AES não é surpreendente, pois em maio de 2021 a empresa recebeu instruções do controlador para reorganizar sua estrutura de capital. Apesar da notícia ter pegado alguns de surpresa, o mercado já esperava algum tipo de movimentação da AES Brasil para conter o endividamento elevado.
Nos últimos cinco anos, o controlador participou de duas ofertas secundárias (follow-ons), indicando um interesse em manter investimentos locais. Além disso, a possível aquisição pela Eneva, que levaria o controlador da AES para fora do país, não se concretizou.
Para alguns analistas, a venda pode ser uma alternativa interessante para a AES Corporation, dona da AES Brasil, controlar a alavancagem, que também é elevada, e investir em novas fontes de geração.
Cenário ruim para a venda de ativos
Apesar da necessidade da companhia, o momento pode não ser o melhor para vender ativos de geração, pois eles são precificados com base no preço da energia. Ultimamente, vários fatores têm pesado sobre a commodity e os preços estão muito abaixo na comparação com os últimos anos.
A AES apresenta uma ampla gama de projetos em fase de desenvolvimento, incluindo os complexos eólicos Tucano (com uma capacidade de 322 MW) e Cajuína 2 (com uma capacidade de 370 MW), juntamente com o inovador parque solar AGV VII (com uma capacidade de 33 MW). Esses projetos têm o potencial de acrescentar 4,0 GW de capacidade instalada ao diversificado portfólio da empresa.
No terceiro trimestre de 2023, a AES registrou um lucro de R$ 102,6 milhões, representando um notável aumento de 21,3%, superando as expectativas do consenso do mercado, que era de um lucro de R$ 70 milhões, de acordo com as informações reunidas pela Bloomberg.
No contexto da bolsa de valores, a AES possui uma capitalização de mercado avaliada em R$ 6,08 bilhões. Embora nos últimos cinco anos a ação da empresa tenha enfrentado uma queda de 31%, a perspectiva de crescimento por meio de seus projetos em andamento pode abrir novas oportunidades de investimento no futuro.
Sobre a AES
A AES é uma plataforma de energia integrada. Ela está entre as maiores empresas de geração de energia do Brasil, atuando no país há mais de 20 anos.
O parque de energia hidrelétrica da empresa consiste em nove usinas hidrelétricas e três pequenas centrais hidrelétricas, quatro complexos eólicos e dois complexos solares. A AES realiza a comercialização da energia gerada por suas usinas hídricas, eólicas e solares ao desenvolvimento de soluções de energia renovável de pequena e grande escala.
Nos anos 2.000, a empresa se tornou uma sociedade anônima e abriu o seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo. Atualmente as ações da AES Brasil são negociadas no Novo Mercado, segmento de listagem reconhecido pelo mais alto nível de Governança Corporativa da B3 S.A. (AESB3).
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