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Do Bitcoin às moedas digitais de Banco Central: como a blockchain revoluciona o mercado financeiro

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Do escambo às criptomoedas: a evolução do dinheiro

A cada dia que passa, nossa relação com o dinheiro está mais integrada ao mundo digital. Desde o surgimento das primeiras formas de dinheiro, foi necessário o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos sistemas de troca de valor. 

À medida que o mundo avançava, sobretudo nas esferas econômica e tecnológica, esse conhecimento era assimilado gradualmente.

Mas muito antes do surgimento dos primeiros sistemas monetários estruturados no mundo, a prática conhecida por escambo representou as primeiras relações de troca de valores entre as pessoas.

Após a experiência do escambo, notou-se a necessidade de se estabelecer um padrão nessas trocas. Alguns artigos eram mais difíceis de serem encontrados ou criados do que outros, mais pesados, mais bonitos e a solução para padronização foi o cunho de moedas. As primeiras delas surgiram na Lídia, atual Turquia, no século VII A. C.

Num contexto posterior ao surgimento das moedas, a revolução viria da necessidade de estabelecer uma forma mais prática, barata e segura para as trocas de valores. Isso tornou necessária a criação do papel moeda, que é a garantia, representada por um registro físico, de que você é capaz de ter acesso àqueles valores.

O dinheiro em cédulas de papel, até hoje, pode ter uso numa troca direta com outra pessoa ou empresa, por qualquer bem ou serviço de valor correspondente. Isso deu mais liberdade e praticidade para que as pessoas pudessem transacionar entre si mais livremente.

Contudo, com o avanço da tecnologia, outras revoluções surgiram: cheque, sistema Swift, cartões de crédito, transações bancárias instantâneas, notas promissórias, carnê, boletos, Pix, etc.

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Boom dos bancos digitais e o seu papel no futuro do dinheiro

Um dos destaques mais recentes, dentre as revoluções do nosso sistema financeiro, foi o surgimento dos bancos digitais, que tem de forma 100% digital, serviços que apenas bancos tradicionais ofereciam.

O ponto de partida para isso era buscar uma atuação em produtos e serviços que poderiam ter melhora com as novas tecnologias disponíveis. Movimento este, impulsionado pela aquisição de smartphones pela maioria, dos até então, desbancarizados.

Para abrir uma conta bancária, por exemplo, era preciso ir pessoalmente a uma agência. Hoje em dia, por outro lado, é possível abrir uma conta online e gratuita com agilidade e segurança.

Neste mesmo contexto, na primeira década do século XXI, mais precisamente em 2008, surge a tecnologia Blockchain e o Bitcoin.

Apesar de o Bitcoin ter sido idealizado para ser utilizado pelas pessoas como moeda, a alta volatilidade desse ativo acabou gerando a necessidade de criação de um novo ecossistema de transações via Blockchain cuja rede trouxesse uma cotação mais estável.

Isso evitaria perda de valor em transações num menor espaço de tempo, trazendo o “melhor dos dois mundos”, praticidade de transações em blockchain e uma volatilidade bem menor.

O que são stablecoins? Conheça as moedas digitais com maior estabilidade

Observando este cenário, um grupo de pessoas desenvolveu um novo estilo de criptomoeda. Nessa Blockchain, todo token emitido está devidamente pareado a um dólar em custódia da empresa que o emitiu. Assim surgiu o Tether, também conhecido por USD Tether ou apenas USDT.

O nascimento das stablecoins mudou completamente a percepção do mercado sobre as criptomoedas. A partir do surgimento desse novo ecossistema, foi possível parear tokens com moedas fiduciárias e até commodities, como ouro e prata, por exemplo.

Isso trouxe uma estabilidade para transações entre pessoas, utilizando criptomoedas, como nunca visto antes. Ao mesmo tempo, aumentou a quantidade de possibilidades disponíveis para arbitradores, pessoas com interesse em aportar parte de seu patrimônio em commodities, comerciantes internacionais, multinacionais, entre outros.

Para pessoas que realizam negociação entre corretoras, as stablecoins chegaram como um facilitador. O processamento dessas transações geralmente é feito com mais velocidade e o mínimo de variação, por se tratarem de Blockchains centralizadas. Nesse sentido, a emissão e queima desses tokens precisa ser validada pela empresa que custodia os ativos de lastro.

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CBDCs: o fenômeno das moedas digitais de Banco Central

O movimento que estamos observando, agora, de digitalização da emissão de novas moedas pelos bancos centrais, nada mais é do que o caminho óbvio de evolução do nosso ecossistema financeiro global. Atualmente é necessário acompanhar esse movimento, caso os países não queiram ficar para trás.

Conforme pesquisa realizada pelo Banco de Compensações Internacionais, 90% dos 81 bancos centrais pesquisados de outubro a dezembro de 2021 estavam “engajados de alguma forma de trabalho em CBDC”.

Ainda segundo o BIS, o crescimento do interesse dos Bancos Centrais em torno de CBDCs pode ter sido impulsionado pelo crescimento das criptomoedas e stablecoins. Assim como uma mudança para soluções digitais em razão da pandemia da COVID-19 em diversos outros setores.

CBDC hoje: Yuan Digital

O melhor exemplo atual deste fenômeno é o surgimento do Yuan Digital, que permite ao governo Chinês um monitoramento das movimentações financeiras da sua população. Com argumento de coibir mais facilmente os crimes financeiros e baratear o custo de emissão de novas moedas.

De acordo com o governo, a moeda digital do Banco Central chinês também viabiliza a criação de políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento.

Mas além de também aumentar a capilaridade e alcance de produtos financeiros aos desbancarizados, permite a geração de dados baseados nas transações futuras desses incentivos.

A China, pouco antes do lançamento do Yuan Digital, baniu a mineração de Bitcoin no país. Até aquele momento, o Bitcoin tinha um papel fundamental para minar a hegemonia do dólar no mundo.

Com a perspectiva da China de se tornar a próxima maior superpotência global e, por consequência direta, possuir a moeda global mais forte, ela resolveu criar a sua própria moeda digital a partir do seu Banco Central. Isso deu origem ao conceito de Central Bank Digital Currency (CBDC), em português, Moeda Digital de Banco Central.

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As CBDCs são stablecoins com emissão pelo banco central daquele país. A diferença é que não depende de um lastro prévio para emissão de novas unidades, que podem ser emitidas de forma arbitrária e 100% digital.

Real digital: a moeda digital do Banco Central do Brasil

No Brasil, o Banco Central anunciou o lançamento do Real Digital e as principais diretrizes que nortearão o desenvolvimento da CBDC brasileira, acompanhando uma tendência mundial.

Ele pretende facilitar negociações internacionais, revolucionar o mercado de câmbio e ajudar o Brasil a se integrar à nova economia e ao futuro das relações comerciais. Este movimento é de grande relevância, já que trata-se de um país exportador de commodities para todo o mundo, principalmente de itens oriundos do Agronegócio.

Num mundo em que moedas globais serão 100% digitais, a adoção das criptomoedas e, principalmente, do Bitcoin tende a ser massiva.

Conclusão: vivemos o início de uma revolução financeira

Impulsionado pela globalização das tecnologias e conhecimentos disponíveis para todos, seremos capazes de observar o fim do mercado de câmbio nos moldes tradicionais.

As operações de câmbio poderão ser operadas diretamente pelo consumidor final, com menos burocracia e de forma automática. Podemos ver, ainda, o processo de tokenização de ações e outras formas de investimentos, como as já existentes redes DeFi (Descentralized Finances ou Finanças descentralizadas).

No ecossistema financeiro do futuro, poderemos escolher as ferramentas que melhor performam, de acordo com as nossas necessidades.

Seja em compras online, remessas internacionais, empréstimos, micropagamentos ou outras formas de investimento, negociações e transações, as pessoas terão a liberdade de escolher a opção que lhe convém.

Este será um novo passo numa longa história do desenvolvimento da linguagem do dinheiro, que permite a troca de valor entre pessoas, desde os primórdios.

Artigo escrito por Pedro Gomes. Analista de Marketing no Zro Bank, formado em Administração pela UFPE, se dedica a aprender e ensinar sobre criptomoedas desde 2018. Nos últimos anos, desenvolve seu trabalho com foco em traduzir, para a linguagem do dia a dia, termos técnicos, jargões e gírias do mundo cripto, com o intuito de orientar consumidores e colaboradores da companhia.

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