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- O cabo de Guerra cambial entre EUA e Brasil prejudica a cotação do dólar;
- Analistas apontam que enquanto a questão do fisco não for resolvida, o Brasil não vai ganhar esta disputa.
A taxa de câmbio vem passando por altas e baixas nos últimos meses, seguindo diretamente a volatilidade dos mercados globais. Em especial, no que vem acontecendo aqui no Brasil, e nos EUA, casa da moeda de referência internacional.
Segundo os analistas Alfredo Menezes, da gestora Armor, e Alexandre Chaia, professor do Insper os culpados por este “sobe e cai” são claros, e se nada for feito para mudar a situação, é bom você se preparar para um dólar ainda mais alto nos próximos meses.
Desse modo, o alerta passa por duas fontes: o cenário externo conturbado, e o total “afrouxamento” do compromisso fiscal em território interno.
O cabo de Guerra
Essa dualidade parte do ponto de risco. A variação cambial não passa de um grande cabo de guerra: onde cada país está puxando uma das pontas. O risco seria os escorregões e indicações que alguém perderá esta disputa.
No lado americano, estão puxando firme a corda.
A ata do Federal Reserve (Fed), o BC dos EUA, indica que mais um aumento de 0,50 ponto ou 0,75 ponto na taxa básica é adequada na próxima reunião de política monetária, a turbulência no câmbio internacional colaborou para puxar o dólar até R$ 5,46 – nível mais elevado desde janeiro. O fechamento foi em torno de R$ 5,42. A ata mostra que o BC americano está atento a inflação, e vai correr atrás do relógio para manter níveis satisfatórios.
O câmbio está pesado aqui e lá fora. Chaia, do Insper, avalia que o aumento do juro nos EUA já está levando investidores do mundo inteiro para ativos em dólar.
Com outros bancos centrais de grandes economias também aumentando os juros, diz o professor, “o cenário caminha para um equilíbrio, mas não está claro quando isso vai acontecer”.
Chaia lembra que, no Brasil, o juro também fez diferença na trajetória do dólar. Ele diz que o BC errou a mão quando baixou o juro a 2%. A baixa atratividade do juro e o baixo compromisso com reformas impulsionou a moeda.
Por outro lado, com outros bancos centrais de grandes economias também aumentando os juros, diz o professor, “o cenário caminha para um equilíbrio, mas não está claro quando isso vai acontecer”. Chaia lembra que, no Brasil, o juro também fez diferença na trajetória do dólar. Ele diz que o BC errou a mão quando baixou o juro a 2%. A baixa atratividade do juro e o baixo compromisso com reformas impulsionou a moeda.
Falta compromisso com o fisco
No entanto, para Alfredo Menezes, Armor Capital, um dos maiores especialista do país em operações monetárias e cambiais e ex-chefe de Tesouraria do Bradesco, vai à mesma linha e pondera que o governo abre brechas para gastar além do teto de gastos, o Congresso segue a mesma toada e os dois principais pré-candidatos à presidência da República – o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – já se manifestam contra o teto de gastos. E o que mostra que a nação não está segurando firme a corda.
“O Brasil não tem folga fiscal como no passado e as bondades do pacote em aprovação vieram para ficar. Não vejo Bolsonaro ou Lula tirando os benefícios concedidos e voltaremos ao dilema: o PIB potencial do Brasil menor, o setor privado fica sufocado e ainda podem surgir questionamentos sobre nossa solvência fiscal, ainda mais com os dois pré-candidatos vindo com discursos populistas”, afirma o CEO da Armor, para quem essas condições locais podem carregar o dólar a R$ 5,60/R$ 5,80 no fim deste ano.
Menezes lembra que o Brasil teve grande melhora nos termos de troca [de mercadorias na balança comercial] que ajudou a apreciação forte do real, além de obter um fluxo importante de recursos externos para investimentos em ações de empresas ligadas a commodities, como Vale, CSN, Usiminas e Petrobras.
Contudo, o discurso de que ‘não precisamos de um teto de gastos’ preocupa. Afinal, o descompromisso com teto significa um alongamento da dívida externa, que aumento os riscos do país, e prejudicam ainda mais o “cabo de guerra cambial”.
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