- As ações ordinárias da Oi (OIBR3) despencaram 60% no pregão de terça-feira (12), com os papéis fechando a R$ 1, após passarem por leilões de oscilação máxima
- O aumento de capital da Oi, aprovado pela Anatel, envolverá a troca de dívidas por participação acionária, diluindo os atuais acionistas em cerca de 80%
- O sócio da L4 Capital, Hugo Queiroz, explicou que a queda nas ações da Oi reflete a venda dos papéis pelos credores que trocam dívida por participação
- Com a reestruturação em andamento, a Oi está priorizando serviços para empresas (B2B) através da Oi Soluções, buscando aumentar sua rentabilidade
As ações da Oi (OIBR3) sofreram uma queda acentuada de 60% no pregão desta terça-feira (12), com os papéis ordinários da operadora fechando a R$ 1. Esse movimento reflete uma série de fatores relacionados ao processo de recuperação judicial da empresa e à reestruturação de sua base acionária, que teve um impacto direto sobre os investidores.
Durante o dia de negociação, as ações da Oi passaram por diferentes leilões de oscilação máxima permitida, flutuando entre o valor mais alto de R$ 2,50 e o mais baixo de R$ 0,91, o que resultou em uma nova fase para as ações da empresa: a condição de “penny stock” (ações cotadas abaixo de R$ 1,00). A queda inesperada gerou grande apreensão entre os investidores e analistas do mercado financeiro.
Aumento de capital e diluição de ações
A principal razão para a drástica queda das ações da Oi está diretamente ligada ao aumento de capital aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que ocorrerá no contexto do processo de recuperação judicial da companhia. O aumento de capital, aprovado no último dia 4 de novembro, envolve a troca de dívidas por participação acionária, o que modificará substancialmente o quadro de controle da operadora.
Com a emissão de novas ações, os atuais acionistas da Oi sofrerão uma diluição significativa de suas participações. A estimativa é que a diluição atinja cerca de 80%, deixando os atuais acionistas com uma fatia minoritária da empresa. Em contrapartida, os credores financeiros que já estavam envolvidos no processo de reestruturação da Oi passarão a controlar uma parte considerável da companhia.
A gestora de recursos Pimco será o maior acionista após o aumento de capital, com uma participação de 36,48% no total das ações da operadora. Em seguida, aparecem a SC Lowy com 12,27% e a Ashmore com 9,53%. Outros credores e investidores ficarão com 39,71% das ações. As novas ações serão entregues aos credores e acionistas que cumpriram os requisitos definidos pela companhia, com os credores que escolheram receber ADSs (American Depositary Shares) começando a receber os papéis a partir de sexta-feira (15).
O impacto para os acionistas e mercado
De acordo com Hugo Queiroz, sócio da L4 Capital, o forte impacto sobre o preço das ações é consequência da liquidação das posições por parte dos credores. “O preço da ação da Oi responde muito mais aos credores liquidando as posições para poderem receber pelo menos uma parcela do direito que eles têm”, afirmou Queiroz. Ou seja, os credores estão vendendo as ações que receberam em troca da dívida, o que provoca uma pressão para baixo sobre o preço dos papéis da companhia.
Além disso, a aprovação do aumento de capital e a reestruturação do controle acionário da empresa já estavam em andamento desde o processo de recuperação judicial, homologado em maio pela 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, e também aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em setembro. Agora, com a emissão das novas ações, a Oi dá continuidade ao seu processo de reestruturação, o que pode alterar o cenário de controle da operadora de telecomunicações.
Novos rumos para a Oi
Com a reconfiguração acionária, a Oi está tomando medidas para ajustar seu modelo de negócios. A empresa tem se concentrado na venda de ativos e em uma reestruturação para se concentrar no mercado B2B (Business to Business), através da Oi Soluções. O objetivo é tornar o negócio mais rentável, focado em serviços para empresas, e menos dependente de grandes investimentos.
A companhia também convocou uma assembleia geral de acionistas para o dia 11 de dezembro, onde será discutida a eleição dos novos membros do conselho de administração, que sofrerá redução de sua composição de nove para sete membros. O novo conselho será composto em grande parte por indicados de credores, com destaque para a SC Lowy, responsável pela indicação de uma chapa com seis membros, incluindo nomes como Francisco Roman Lamas, Paul Aronzon e Renato Carvalho Franco.
O que esperar para os próximos meses
O mercado ainda está digerindo as mudanças estruturais e o impacto da diluição das ações. A queda acentuada nos papéis pode continuar a gerar volatilidade, principalmente com o processo de troca de dívidas por participação acionária em andamento. Para os investidores, a expectativa é de que, a longo prazo, a Oi consiga retomar sua estabilidade financeira e operacional, especialmente com a mudança de foco para o mercado corporativo. Porém, o curto prazo ainda será desafiador, com a empresa enfrentando um novo capítulo de sua recuperação judicial e a transição de controle acionário.
Em resumo, a queda expressiva das ações da Oi (OIBR3) reflete a complexidade do processo de recuperação da empresa, com o aumento de capital e a reestruturação acionária sendo fatores-chave para o novo rumo da companhia. O futuro da operadora dependerá do sucesso de sua nova estratégia no mercado B2B e da capacidade de reverter a diluição de seus acionistas.