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BRICS planeja vender bitcoins russos para contornar sanções

Nova estratégia do BRICS visa vendas de bitcoin por mineradores russos, fortalecendo economia sem dólar.

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O bloco econômico BRICS, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, está implementando uma nova estratégia econômica que envolve a venda de bitcoins por mineradores russos para compradores internacionais. A medida, conforme relatado por Matthew Siegel, chefe de ativos digitais da VanEck, permitirá que os países do grupo utilizem criptomoedas, como o Bitcoin, para realizar importações, evitando o sistema financeiro ocidental e contornando sanções impostas pelos Estados Unidos e seus aliados.

A economia russa, afetada severamente por essas sanções, vê nas criptomoedas uma alternativa viável ao sistema financeiro tradicional, historicamente dominado pelo dólar. Essa movimentação representa mais um passo em direção à desdolarização, com a Rússia buscando intensificar o uso de ativos digitais para transações internacionais. O economista americano Richard Wolff apontou a mudança de poder no cenário global, afirmando que, com o crescimento do BRICS, a hegemonia dos EUA passa por um período de estagnação.

Putin: Dólar como arma política motiva busca por alternativas

Durante a recente cúpula do BRICS, o presidente russo Vladimir Putin destacou a utilização do dólar como uma “arma” política, justificando a necessidade de encontrar alternativas. “O dólar foi usado como arma. É verdade… Se não nos deixam trabalhar com ele, o que mais devemos fazer? Devemos buscar outras alternativas”, declarou Putin. O discurso reforça o interesse do BRICS em novas formas de cooperação econômica, com criptomoedas ocupando um papel central nas discussões.

Nesse contexto, a Rússia deu mais um passo para desenvolver uma infraestrutura de pagamento que prescinde do sistema SWIFT, buscando reduzir a dependência de sanções ocidentais e criar um sistema financeiro mais autônomo. A BitRiver, em parceria com o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), lançou um projeto ambicioso de mineração, que visa expandir o poder computacional nos países do BRICS e reduzir a dependência de tecnologias e serviços ocidentais. Esse projeto incluirá a criação de centros de dados para criptomoedas e inteligência artificial em várias nações do grupo.

Expansão da BitRiver e infraestrutura robusta para o BRICS

O CEO da BitRiver, Igor Runets, declarou que a empresa já opera 21 centros de dados na Rússia e planeja construir mais 10. Agora, o foco está voltado para os mercados do BRICS, onde o RDIF e a BitRiver buscam desenvolver uma infraestrutura robusta para mineração de criptomoedas e tecnologias avançadas de IA. Runets comentou que o projeto atende às altas demandas energéticas dessas operações, um desafio no setor de data centers, que exige infraestrutura dedicada e grande disponibilidade de eletricidade.

Embora ainda não haja acordos específicos com os países do BRICS, a Rússia demonstrou claramente sua intenção de explorar esses mercados. Kirill Dmitriev, CEO do RDIF, afirmou que o fundo está se concentrando em aumentar a capacidade dos data centers na região, posicionando as nações para um futuro impulsionado por tecnologias como inteligência artificial e criptomoedas.

BRICS pode crescer até US$ 370 bilhões com nova estratégia

Analistas estimam que a expansão dos centros de mineração e o fortalecimento das tecnologias digitais pode aumentar o PIB coletivo do BRICS em até US$ 370 bilhões anuais, fortalecendo a posição da Rússia no mercado de computação global. Para aproveitar essa oportunidade, o Ministério da Energia da Rússia já se comprometeu a fornecer energia excedente para operações de mineração, apoiando as iniciativas de desenvolvimento de uma economia digital independente das sanções ocidentais.

Essa estratégia permitirá que mineradores russos vendam suas criptomoedas para compradores internacionais, que podem utilizar os ativos digitais para financiar importações, sem depender de transações no sistema financeiro tradicional. Assim, o BRICS se posiciona estrategicamente para diminuir sua dependência do dólar, explorando o potencial das criptomoedas e novas tecnologias para fortalecer sua soberania econômica e criar alternativas às limitações impostas pelos blocos econômicos ocidentais.