Os contratos futuros de petróleo Brent para janeiro de 2025 encerraram o dia cotados a US$ 74,92 o barril na Intercontinental Exchange (ICE) de Londres, com uma queda de 0,80%. O movimento foi reflexo da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas, o que trouxe maior valorização para o dólar, influenciando diretamente o mercado de commodities.
Com a moeda americana mais forte, o petróleo, cotado globalmente em dólar, torna-se mais caro para outras economias, reduzindo a demanda, especialmente em países emergentes. “Um dólar mais valorizado dificulta a compra do petróleo em regiões como América Latina e Ásia, que dependem da estabilidade cambial para manter suas importações”, explicou a analista econômica da Bloomberg, Sarah Williams.
Possível endurecimento nas sanções ao Irã preocupa mercado
A volta de Trump ao comando da Casa Branca também trouxe dúvidas sobre as sanções americanas ao Irã. Conhecido por suas políticas de pressão ao país do Oriente Médio, o republicano pode reativar sanções mais rígidas ao petróleo iraniano, tal como ocorreu em 2018, quando o ex-presidente retirou unilateralmente os EUA do acordo nuclear com o Irã.
Especialistas acreditam que uma postura mais dura sobre o Irã pode impactar diretamente a produção global de petróleo, uma vez que o país é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). “Uma repressão ao petróleo iraniano, como Trump já fez antes, poderia diminuir a oferta global e acabar por sustentar os preços do petróleo no médio prazo, apesar do atual momento de queda”, disse o economista da Reuters, Mark Gibson.
Tempestade no Golfo do México e estoques em alta nos EUA aumentam pressão
Enquanto investidores avaliavam o cenário político, a tempestade tropical Rafael, que avança sobre o Golfo do México, acrescentou novas incertezas ao mercado. Meteorologistas preveem que o fenômeno climático possa se intensificar para um furacão até o final desta semana, o que poderia interromper a produção na região e impactar cerca de 4 milhões de barris, segundo analistas do setor energético. A possibilidade de um furacão preocupa empresas e consumidores, já que o Golfo do México é uma região estratégica para a produção de petróleo nos EUA.
Além do fenômeno climático, o Departamento de Energia dos EUA (DoE) informou uma elevação de 2,149 milhões de barris nos estoques de petróleo, que somaram 427,658 milhões de barris na semana encerrada em 1º de novembro. Esse aumento surpreendeu o mercado, que projetava estabilidade nos estoques.
Opep+ mantém cautela sobre aumento de produção
Outro fator de influência para o setor é a postura cautelosa da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), que optou por adiar a decisão de aumento da produção. O adiamento ocorre em meio às incertezas econômicas e políticas, incluindo a demanda global de petróleo, que pode ser impactada pelo fortalecimento do dólar e pela desaceleração econômica de grandes importadores, como a China.
A decisão do cartel e seus aliados segue como uma medida de equilíbrio para evitar quedas abruptas nos preços em um momento em que o mercado está sendo pressionado por múltiplos fatores.