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Dólar dispara para R$ 5,87 com risco fiscal no Brasil

Dólar sobe 20% em 2024 e Ibovespa recua 4,52% no ano, com incertezas econômicas e eleições americanas.

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O dólar continua sua trajetória de alta em 2024, acumulando um ganho de 20,96% no ano. Nesta sexta-feira, a moeda subiu 1,53%, fechando a R$ 5,8698, com pico de R$ 5,8748 durante o dia. No mês, o dólar já registra avanço de 1,53% e na semana acumulou uma valorização de 2,90%.

Por outro lado, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, encerrou a semana em queda de 1,23%, aos 128.121 pontos, com recuo de 1,36% na semana e 4,52% no acumulado do ano. Este desempenho reflete as incertezas sobre a política fiscal do governo federal, que busca cumprir a meta de déficit zero em 2024, mas ainda não anunciou detalhes sobre cortes de gastos.

Cenário internacional: eleições nos EUA e dados econômicos

No cenário externo, a aproximação das eleições presidenciais nos EUA, marcadas para a próxima terça-feira (5), aumenta a volatilidade nos mercados. A disputa entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump tem movimentado as expectativas, com o mercado acreditando em uma possível vitória de Trump e o retorno de uma agenda mais protecionista.

Adicionalmente, os investidores reagiram aos novos dados do mercado de trabalho dos EUA. O relatório payroll, principal indicador de empregos, registrou a criação de apenas 12 mil vagas em outubro, muito abaixo da expectativa de 106 mil e das 223 mil vagas criadas em setembro. Especialistas explicam que parte dessa queda se deve às greves ocorridas durante o mês, como a da Boeing, que impactaram as estatísticas.

Esse cenário de um mercado de trabalho mais fraco pode influenciar as decisões do Federal Reserve (Fed) sobre as taxas de juros, atualmente entre 4,75% e 5% ao ano. A expectativa é que o Fed mantenha um corte de 0,25 p.p. em suas próximas reuniões, mas as eleições de 2024 devem ser um fator decisivo para a política monetária do próximo ano.

Economia brasileira e expectativas de inflação

No Brasil, a produção industrial apresentou um crescimento de 1,1% em setembro, segundo o IBGE, superando a expectativa do mercado de 0,9%. A alta anual chegou a 3,4%, acima dos 2,8% projetados. O mercado de trabalho também mostrou sinais positivos, com a taxa de desemprego caindo para 6,4% no terceiro trimestre, considerada baixa para os padrões históricos do país.

Apesar da melhora no emprego, a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, alerta para o desafio que isso representa no controle da inflação de serviços, que pode levar a um novo aumento da taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano. “A maior ocupação é positiva para a atividade econômica, mas pressiona os preços dos serviços, complicando o controle da inflação”, explica Moreno.

Próximos passos

Com os dados de inflação nos EUA e a expectativa da reunião do Copom no Brasil, prevista para a próxima semana, o mercado está atento às políticas monetárias e suas implicações. A maior parte das previsões aponta para um aumento de 0,50 ponto percentual na Selic, refletindo a necessidade de conter pressões inflacionárias em um cenário de crescimento econômico robusto.

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