Em um processo que chegou ao conhecimento do portal Livecoins, um investidor do Rio Grande do Norte busca a restituição de R$ 1,3 milhão da GreenGo Capital, uma empresa de criptomoedas que opera no Brasil. A ação judicial foi motivada após a empresa congelar saques e atribuir os problemas à Guerra no Oriente Médio e tensões geopolíticas, segundo alegações feitas pelo CEO, Bruno José Carlos de Souza.
A GreenGo Capital, que se apresenta com sede em Recife (PE) e operações em João Pessoa (PB), afirma atuar também em El Salvador e Equador. No entanto, a empresa tem sido alvo de acusações de operar um esquema de pirâmide financeira, captando clientes de outras empresas do setor, como a Braiscompany na Paraíba. Com mais de seis anos de mercado, a reputação da empresa começou a ser questionada após o recente congelamento de saques e a falta de comunicação com os investidores.
O investidor de Natal (RN) confiou nas promessas de alta rentabilidade da GreenGo Capital e investiu R$ 1.341.908,00. Sem receber o retorno prometido, ele procurou resolver a situação de forma extrajudicial, com a ajuda do advogado Artêmio Picanço, especializado em casos de pirâmides financeiras. Mesmo após o CEO da empresa, Bruno José Carlos de Souza, ter assinado um contrato comprometendo-se a restituir os valores, o saque não foi realizado.
Em setembro de 2024, os saques foram atrasados e, até outubro, a situação permanecia inalterada. Bruno, que se identifica em suas redes sociais como Tenente do Exército Brasileiro e CEO da GreenGo Capital, além de outras iniciativas como a AmazonasCoin, uma mesa proprietária chamada XGReen e a tokenizadora Validity, culpou as tensões internacionais pelos problemas. Em um vídeo publicado no Instagram, ele ainda afirmou que as criptomoedas da empresa são custodiadas pela Fireblocks.
Diante da falta de suporte e com a credibilidade da empresa abalada, o investidor acionou a justiça do Rio Grande do Norte na quarta-feira (30), buscando seus direitos e a devolução do valor investido. O processo ainda está em fase inicial, e a decisão judicial está pendente.
Reclamações de outros investidores
A situação da GreenGo Capital tem chamado a atenção em plataformas como o Reclame Aqui, onde a empresa começa a figurar entre as reclamações de investidores frustrados. Em um dos relatos, um cliente de João Pessoa (PB) informou que a empresa prometia rendimentos em Tether (USDT), mas não cumpriu as promessas de pagamento.
A situação tem gerado comparações com outros casos semelhantes, como a Beefund, outra empresa suspeita de ser uma pirâmide financeira, que no início do mês passou recebeu uma série de reclamações de usuários no site Reclame Aqui. As queixas estão relacionadas principalmente à impossibilidade de realizar saques, com muitos investidores afirmando que seus pedidos não estão sendo processados ou sendo estornados para a conta da plataforma.
Segundo informações apuradas, a Beefund foca no mercado brasileiro e promete retornos irreais de até 12,75% ao dia. Para se ter uma ideia, com essa taxa, um investimento de R$ 6.500 poderia supostamente se transformar em R$ 1 trilhão em apenas um ano. Esses números chamam a atenção e levantam suspeitas de que a empresa esteja operando um esquema de pirâmide, onde os novos depósitos são usados para pagar saques de antigos clientes.
Nas últimas semanas, o volume de reclamações contra a Beefund aumentou consideravelmente, com muitos investidores relatando que, apesar de terem solicitado saques, os valores não foram transferidos para suas contas bancárias. Em um dos relatos, um usuário da plataforma afirmou:
“Solicitei o Pix e não está indo para minha conta, está voltando para a plataforma, quero que vocês resolvam isso”.
Outro investidor relatou uma situação similar:
“Informo que no dia 06/10, por volta das 08h00, solicitei o saque para minha chave Pix e ficou apresentando conta inválida e estornado o valor para o aplicativo. Depois de algumas tentativas, o valor ficou em processamento e não caiu até o presente momento na minha conta”.
Já um terceiro usuário comentou que, após várias tentativas de retirada, o valor ficou processando sem conclusão:
“Na última tentativa, a retirada ficou processando e não concluiu, não recebi o valor e nem foi estornado. Como resolver?”
Esses relatos mostram um padrão preocupante para os investidores da Beefund. O fato de os saques não estarem sendo processados adequadamente é um indicativo típico de esquemas de pirâmide financeira. Nessas operações, os retornos prometidos aos clientes não são gerados por investimentos reais, mas sim pela entrada de novos depósitos. À medida que novas vítimas deixam de aderir ao esquema, a reserva de fundos da pirâmide se esgota, impossibilitando a empresa de honrar os saques, o que parece estar acontecendo com a Beefund.