- O Tribunal de Justiça de SP acatou o recurso do governo e derrubou a liminar que suspendia os leilões para Parcerias Público-Privada nas escolas estaduais
- O APEOSP havia solicitado a suspensão, argumentando que o edital do leilão comprometia a gestão democrática da educação e promovia uma terceirização inadequada
- O projeto “Novas Escolas” prevê a construção de 33 novas unidades para atender até 35 mil alunos, dividindo-se em dois lotes
- As empresas selecionadas serão responsáveis não apenas pela construção, mas também pela gestão de serviços não pedagógicos, como alimentação e segurança
- A Secretaria da Educação garantiu que manterá o ensino público e criará uma agência reguladora para monitorar a qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) decidiu, na quinta-feira (31), acatar o recurso do governo estadual e revogar a liminar que suspendia os leilões para Parcerias Público-Privada (PPPs) nas escolas estaduais. A decisão vem após uma ação do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOSP), que havia conseguido a suspensão na quarta-feira (30) com a alegação de que o edital do leilão comprometia a gestão democrática da educação, conforme prevista na Constituição Federal.
Segundo o APEOSP, a proposta de PPP representa uma terceirização inadequada de atividades fundamentais para o sistema educacional, colocando em risco a integração entre a administração do espaço físico das escolas e sua função pedagógica. O sindicato defende que essa relação é essencial para garantir uma gestão educativa que atenda aos interesses da comunidade escolar.
Interrupção dos leilões
Por outro lado, o desembargador Fernando Antônio Torres Garcia, presidente do TJ-SP, destacou que a interrupção dos leilões poderia causar prejuízos à ordem pública. O projeto de PPP, denominado “Novas Escolas”, está dividido em dois lotes e prevê a construção de 33 novas unidades de ensino, com a capacidade de atender até 35 mil alunos do ensino fundamental e médio.
“A suspensão dos leilões afeta o cronograma de implementação de obras e serviços essenciais para as escolas estaduais, com o consequente comprometimento da execução de melhorias e manutenções dentro do prazo projetado e, pois, com a possibilidade concreta de grave prejuízo para a qualidade e a segurança do ambiente escolar e do andamento das atividades de ensino”, apontou Garcia.
O primeiro lote, vencido pelo consórcio Novas Escolas Oeste SP, contempla a construção de 17 escolas, com um investimento de R$ 3,38 bilhões. O próximo leilão está agendado para segunda-feira (4).
As concessionárias selecionadas não apenas construirão as escolas. Mas também serão responsáveis pela gestão de serviços não pedagógicos, como alimentação, segurança, limpeza, jardinagem, manutenção e serviços administrativos. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) assegura que o ensino continuará a ser público e gratuito. E, que a PPP visa desonerar professores e diretores de atividades burocráticas, permitindo que eles se concentrem mais nas questões pedagógicas.
Ocupação, uso e destino
“As decisões sobre a ocupação, uso e destino de todo o ambiente escolar dizem respeito também ao que se idealiza e pratica-se no programa pedagógico. As possibilidades de deliberar de modo colegiado e participativo por todos os atores envolvidos na educação não podem ser subtraídas da comunidade escolar com a transferência a uma empresa privada que teria o monopólio de gestão por 25 anos”, afirmou Luis Manuel Fonseca Pires.
A Secretaria da Educação garantiu que manterá o ensino público e criará uma agência reguladora para monitorar a qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias.