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Nobel de Economia manifesta decepção com Lula, “Fui um grande apoiador mas agora estou extremamente desapontado”

Daron Acemoglu critica postura do presidente Lula (PT) e revela frustração com as políticas econômicas do Brasil.

Imagem: Reprodução Acemoglu 2016
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  • Decepção com Lula: Daron Acemoglu expressou sua frustração com o presidente Lula, apontando a falta de ações efetivas para fortalecer a posição do Brasil
  • Influência Chinesa: O economista, portanto, criticou a crescente submissão dos países do Brics à China, enfatizando a necessidade de uma postura independente e proativa
  • Prêmio Nobel e Relevância: Recém-agraciado com o Prêmio Nobel em Economia, Acemoglu usa sua plataforma para alertar sobre os riscos de não enfrentar a influência chinesa nas economias emergentes

Daron Acemoglu, renomado economista turco e coautor do best-seller “Por que as Nações Fracassam”, manifestou sua decepção em relação ao presidente Lula na última segunda-feira (14). Acemoglu, que recentemente recebeu o Prêmio Nobel em Economia, criticou a falta de ações do líder do PT. Dessa forma, para evitar que a China exerça uma influência predominante sobre os Brics.

“É evidente que estamos trilhando um caminho que coloca o Brics sob a influência da China, enquanto o mundo em desenvolvimento necessita de uma voz independente”, afirmou Acemoglu, em entrevista à revista Veja.

O economista inicialmente elogiou os programas sociais do governo Lula, destacando iniciativas como o Bolsa Família e os investimentos em educação durante os primeiros mandatos do presidente. No entanto, ele enfatizou que as políticas não devem se limitar a transferências diretas de renda.

“Um exemplo notável é o Brasil nos primeiros mandatos do presidente Lula, que implementou programas sociais como o Bolsa Família e investiu fortemente em educação”. Mas, destaca que “a abordagem não deve se limitar apenas a transferências diretas de renda”

“Isso envolve a criação de oportunidades para pessoas de diferentes níveis de habilidade e a prevenção do poder excessivo de tecnologias e corporações no mercado de trabalho”, complementa.

Mais frustração

Sua frustração se intensificou ao analisar a posição do Brasil nos Brics.

“Fui um grande apoiador do presidente Lula, mas agora estou extremamente desapontado”, afirmou Acemoglu.

Para Acemoglu, a submissão dos países do grupo à China é preocupante.

 “É evidente que estamos trilhando um caminho que coloca o Brics sob a influência da China, enquanto o mundo em desenvolvimento necessita de uma voz independente”, observou. “Essa situação é lamentável.”

Ele destacou a importância do Brasil e de outras economias emergentes em se opor à supremacia da China e dos Estados Unidos.

“Nações como Brasil, Turquia, Indonésia, Índia e Bangladesh precisam ter uma voz independente quando se trata de direcionar o rumo da tecnologia, inteligência artificial e os impactos do comércio global”, afirma.

O economista advertiu que os países do Brics estão se tornando “meros clientes” de potências como a China e a Rússia.

“Acredito firmemente que o mundo precisa transcender a bipolaridade atual e, nesse contexto, o Brics deveria ser menos submisso aos interesses de China e Rússia”, concluiu. 

A mensagem de Acemoglu serve como um alerta sobre a necessidade de uma abordagem mais autônoma e estratégica para as economias emergentes no cenário global.

Daron Acemoglu

Daron Acemoglu, no entanto, é um economista turco-americano amplamente reconhecido por suas contribuições à teoria econômica, especialmente em áreas como economia política, crescimento econômico e desenvolvimento.

Ele, contudo, é coautor do influente livro “Por que as Nações Fracassam”. Que explora como instituições políticas e econômicas moldam o sucesso ou fracasso das nações. Acemoglu é professor no Massachusetts Institute of Technology (MIT). E, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Economia em 2021, em reconhecimento ao seu trabalho sobre as causas do crescimento econômico e o papel das instituições. Além de sua pesquisa acadêmica, ele frequentemente comenta sobre políticas econômicas e sociais. Dessa forma, defendendo a importância de instituições inclusivas para o desenvolvimento sustentável.