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PF prende líder de esquema cripto que lesou 10 mil vítimas

Operação "Profeta" investiga desvio de investimentos em criptomoedas, com prisões e sequestro de bens dos suspeitos.

coins Bitcoin and litecoin, against the background of Europe and the European flag, the concept of virtual money, close up.
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A Polícia Federal (PF) desencadeou nesta quinta-feira, 7 de novembro, uma operação chamada “Profeta” com o objetivo de desarticular um esquema de desvio de investimentos em criptomoedas que lesou cerca de 10 mil pessoas, totalizando aproximadamente R$ 260 milhões. O principal alvo da operação, Rodrigo, foi preso em Cajamar, na Grande São Paulo. O empresário é o fundador da RR Consultoria, uma empresa que prometia aos clientes lucros atrativos em seus investimentos.

A estratégia de captação de investidores

De acordo com as investigações, Rodrigo utilizava a religião como uma ferramenta para conquistar os investidores, apresentando-se como um coach espiritual. A descrição de seu perfil no Instagram, que conta com quase 82 mil seguidores, afirma: “Só quem foi ao céu e ao inferno pode dizer exatamente como é!”. Essa abordagem, misturando elementos espirituais com promessas financeiras, atraiu um grande número de investidores em busca de soluções para suas dificuldades financeiras.

Promessas financeiras e as denúncias

A RR Consultoria se destacava no mercado de criptomoedas ao prometer retornos que variavam entre 5% e 9% ao mês. O esquema prometia um equilíbrio financeiro, mas, na prática, as vítimas acabaram por perceber que se tornaram alvos de um golpe bem elaborado. Os investidores denunciaram que os lucros prometidos nunca foram pagos e que os valores que confiaram à empresa simplesmente desapareceram.

Além do Instagram, Rodrigo também gerenciava uma conta no YouTube, onde publicava vídeos de orações e promessas de mudanças de vida. Em um dos vídeos, ele afirmava que estava prestes a “revelar a proposta que vai mudar a sua vida”. Essa combinação de religião e promessas financeiras elevava a confiança dos investidores, que viam em Rodrigo uma figura de autoridade.

A operação da PF e suas consequências

A operação “Profeta” foi desencadeada após a PF descobrir uma complexa estrutura empresarial utilizada pelos suspeitos para captar investimentos. A investigação revelou que, após receber os valores, os criminosos enviavam o dinheiro para o exterior através de exchanges, as corretoras de criptomoedas. Essa estratégia dificultou a recuperação dos ativos, levando a Justiça a determinar o sequestro dos bens dos investigados na tentativa de recuperar o dinheiro desviado.

Os mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos em locais estratégicos, como a Zona Oeste do Rio de Janeiro, e nas cidades de Barueri, Guarulhos, Cajamar e Salto, em São Paulo. A operação foi realizada em um contexto de crescente preocupação com a segurança financeira dos investidores em criptomoedas, especialmente com o aumento de golpes neste setor.

A defesa de Rodrigo

O advogado de Rodrigo, Rafael Faria, se manifestou em defesa de seu cliente, afirmando que os fatos apresentados pela acusação são antigos e que a defesa ainda não teve acesso completo ao conteúdo das acusações. “Rodrigo sempre se colocou à disposição das autoridades e não vê motivo algum para sua prisão”, declarou Faria. A defesa espera contestar as alegações e apresentar um caso sólido em favor de Rodrigo.

O alerta para os investidores

Esse caso serve como um importante alerta para investidores que buscam oportunidades em criptomoedas. A promessa de lucros elevados e garantidos pode ser um sinal de alerta para possíveis fraudes. As vítimas de esquemas como o de Rodrigo frequentemente ficam desamparadas e enfrentam dificuldades financeiras significativas após confiar seus investimentos a promessas ilusórias.

A operação da PF evidencia a necessidade de regulamentação mais rigorosa no setor de criptomoedas e a importância de uma maior conscientização entre os investidores. Informar-se sobre os riscos e fazer uma pesquisa cuidadosa antes de investir pode ajudar a evitar situações como a enfrentada por milhares de brasileiros.

A história de Rodrigo e sua prisão são exemplos claros de como fraudes financeiras podem se disfarçar sob roupagens respeitáveis, e destaca a urgência de uma ação efetiva para proteger os consumidores e restaurar a confiança em mercados de investimento.

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