Nesta semana, a arroba do boi, unidade padrão para calcular o preço da carne, atingiu R$ 318, o maior valor do ano.
O mercado da pecuária de corte, setor responsável pelo fornecimento de carne bovina, está passando por um momento que vai deixar o bolso do consumidor brasileiro mais pesado.
Segundo informações, a escassez de bovinos prontos para o abate tem diminuído a oferta de animais para os frigoríficos, enquanto as exportações estão em alta, resultando em um aumento nos preços.
Nesta semana, a arroba do boi, unidade padrão para calcular o preço da carne, atingiu R$ 318, o maior valor do ano. Com isso, os pecuaristas estão se beneficiando da alta, vendendo seus bois a preços mais altos.
Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), em setembro, o preço médio da carne bovina para o consumidor era de R$ 37,58. Diante do aumento nos custos, muitos consumidores deverão optar por outras fontes de proteína.
Sem picanha? Inflação da carne pode dobrar ainda em 2024
A carne bovina deve se tornar um fator significativo de pressão sobre a inflação nos últimos meses de 2024. Assim, com uma alta projetada que pode atingir quase o dobro do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) previsto. De acordo com Fábio Romão, economista sênior da LCA Consultores, a inflação da carne deve alcançar 7,52% este ano. Enquanto o relatório Focus, divulgado recentemente, estima que a inflação geral ficará em 4,39%.
Um dos principais motores por trás dessa alta nos preços é o aumento das exportações de carne bovina in natura. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, entre janeiro e setembro de 2024, o volume exportado cresceu 30%. No entanto, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse crescimento nas exportações exerce pressão sobre os preços no mercado interno, dificultando o acesso à carne a preços mais baixos para os consumidores brasileiros.
Além disso, as condições climáticas adversas, como a seca e a escassez de pastagens, têm prejudicado o ganho de peso dos animais, levando a atrasos no abate e, consequentemente, contribuindo para a elevação dos preços. A arroba do boi gordo, por exemplo, registrou uma alta de 3,39% na última semana, passando de R$ 295 para R$ 305.
Projeção de alta nas carnes
Romão também destaca que os preços no atacado geralmente antecipam os repasses ao varejo em um a dois meses, e essa tendência já começou a se refletir em setembro. No mês passado, o IPCA-Carnes teve uma alta de 2,97%, em contraste com uma queda de 2,10% no mesmo mês de 2023. As projeções de alta para os últimos meses do ano são alarmantes, com aumentos esperados de 3,27% em outubro, 2,29% em novembro e 1,79% em dezembro.
Para comparação, no último trimestre de 2023, as variações mensais de preços foram muito mais moderadas: 0,53% em outubro, 1,37% em novembro e 0,55% em dezembro. Isso, portanto, indica uma mudança significativa no cenário atual, onde as carnes devem se tornar o principal item de pressão no subgrupo Alimentação no domicílio, superando a inflação de outros alimentos.
As projeções de inflação para alimentos em geral também indicam um aumento, com expectativas de 0,74% em outubro, 0,88% em novembro e 1,23% em dezembro. Romão observa que o IPCA-Carnes deve ter o maior acumulado trimestral desde 2020, quando o setor ainda enfrentava os efeitos da pandemia. Os resultados acumulados dos últimos trimestres foram: +15,04% em 2020, -0,06% em 2021, +0,56% em 2022 e +2,46% em 2023. Para 2024, a projeção de 7,52% para a inflação da carne destaca a gravidade da situação, especialmente em um contexto onde a inflação geral deve se manter em 4,39%.