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Em momentos onde o fantasma da inflação parece assombrar os investidores, é normal buscar alternativas de investimentos que possibilitem vencer a inflação. Dessa forma, muitos acabam por pensar no ouro. Será que o metal precioso é uma boa opção? Confira a análise da economista-chefe do Inter Research, Rafaela Vitória, e do analista Daniel Arruda.
Portanto, o crescimento das expectativas por uma inflação ainda mais forte traz o desconforto de ter não capital aplicado em aplicações seguras. E, assim sendo, voltamos ao ouro.
O ouro e a inflação ao longo do tempo
Logo no início dos anos 70 os Estados Unidos sofreram uma forte pressão inflacionária devido aos choques no preço do petróleo. Isto é, no pior número o valor chegou a 15% em 12 meses – distante dos nossos registros, eu sei, mas ainda alto. Portanto, o que se seguiu foi uma escalada da taxa básica de juros.
Com a inflação em níveis elevados, os juros reais eram baixos, e permitiram uma forte elevação do ouro, saindo de US$ 40 no início da década, para próximo de US$ 700 ao final dela. Entretanto, a década seguinte, já com uma política monetária restritiva e juros reais elevados, o preço do ouro caiu quase 50% em termos nominais.
Todavia, anos mais tarde, a partir de 2005, as incertezas quanto à crise financeira trouxeram uma valorização do metal precioso. Além disso, tal valorização foi estimulada pelos juros nominais norte-americanos próximos a zero. Ou seja, podemos pensar, de forma semelhante, na crise do coronavírus, onde os juros reais baixos e as incertezas fizeram o ouro disparar.
Ter o metal precioso na carteira vale a pena?
“A análise da oferta e da demanda desse ativo, bem como das correlações históricas com outras variáveis, mostra que o preço do ouro depende de diversos fatores além da evolução da inflação ao consumidor.”
disse a economista-chefe do Inter Research, Rafaela Vitória, e o analista Daniel Arruda.
De acordo com a pesquisa, não são apenas as dinâmicas da renda e da produção industrial que impacta o preço do ouro. Além disso, há também a resposta à inflação crescente dos Bancos Centrais, que sobem os juros, que pode aumentar o custo de oportunidade dos investidores. Dessa forma, caso o FED adote uma política monetária agressiva, mesmo que a inflação persista, o ouro não deve apresentar grandes valorizações.
Portanto, a economista-chefe e o analista, que assinam o relatório, acreditam que títulos de renda fixa indexados, ações (ações para se proteger da inflação) ou ativos imobiliários são a melhor opção para buscar proteção contra a inflação.
Todavia, o ouro, mesmo não sendo uma proteção ideal contra a inflação, pode cumprir funções numa carteira de investimentos. De acordo com Rafaela e Daniel, a baixa correlação com outros ativos, como ações e títulos de renda fixa, pode contribuir para a redução da volatilidade de um portfólio.
“Ademais, o ouro parece funcionar como um seguro contra riscos sistêmicos, como se observou na crise financeira de 2008 e durante a pandemia de coronavírus.”
disseram.
Assim sendo, o Inter Research conclui que o ouro pode oferecer alguma proteção. Portanto, pode sim justificar uma parcela da carteira de investidores que “busquem se assegurar contra novos eventos dessas proporções.”
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