Continua após o anúncio
O mercado de capitais brasileiro está cada vez mais amplo com mais empresas abrindo capital na B3. Agora, mais uma companhia, a Viveo, está aproveitando a onda e se juntando a lista dessas empresas. Dessa forma, em um insight gratuito, a Nord Research falou um pouco sobre a companhia. De acordo com ela, assim como todo IPO, a Viveo possui um “prospecto patinete”.
“Não falta nada, temos: disruptiva, tech, ESG, ecossistema, crescimento, aquisições etc. Poderíamos até jogar bingo de negócios (business bingo) com os nomes da moda.”
disse a analista da Nord, Danielle Lopes.
Contudo, a analista afirma que o negócio da Viveo é, na verdade, bem simples. Dessa forma, pontua que a distribuidora de materiais e equipamentos médico-hospitalares quer se tornar Pharma. E, de acordo come ela, faz sentido. Afinal, Hypera Pharma (HYPE3) possui margens muito (muito) maiores e o mercado paga múltiplos bem elevados pela companhia.
Sobre a Viveo
O trabalho da companhia é ajudar na gestão de grandiosa complexidade de inúmeros hospitais. São aproximadamente 12 mil SKUs (tipos de produtos) de uso diário.
Além disso, 28% da receita líquida da Viveo vem da distribuição de materiais cirúrgicos, higiene e também proteção social. Os outros 72% são compostos pela distribuição de medicamentos e vacinas, assim como a logística da cadeia.
De acordo com a Nord, a Viveo é dominante no segmento de distribuição. Mesmo com 7% do market share, a companhia fatura 4x mais que seu concorrente mais próximo. Hoje, o mercado é bastante pulverizado, com os 12 maiores players detendo 64% do market share. Além disso, atende cerca de 98% dos leitos privados de todo Brasil.
Desempenho
De acordo com os dados da Viveo, entre 2018 e 2020 sua receita líquida crescer em média 19% ao ano. Dessa forma, saindo de R$ 2.641 milhões para R$ 4.413 milhões. Além disso, de 2019 pra 2020 esse crescimento foi de 47% devido a aquisições.
Assim sendo, acabou contribuindo para um crescimento de 42% no EBITDA ajustado dos últimos 12 meses. Contudo, benefícios fiscais elevaram o EBITDA em R$ 48 milhões, então, se removermos esses efeitos, o crescimento é de 21%.
“A companhia possui benefícios fiscais, em sua maioria descontos do ICMS da base de PIS/COFINS e ajustes retroativos das adquiridas, que impactaram o EBITDA e lucro. É normal que o setor conte com benefícios fiscais, podemos esperar mais impactos tributários positivos nos próximos exercícios.”
disse a analista da Nord.
Por fim, todo esse benefício dado a Viveo fez o lucro líquido da companhia saltar 241% entre 2019 e 2020, somando R$ 82 milhões. Entretanto, removendo os efeitos não recorrentes o lucro é de R$ 39 milhões, crescendo apenas 9%. Ademais, a analista realça que a companhia gerou prejuízo em 2019, mas fez uso de R$ 78 milhões de tributos deferidos para terminar o ano no azul.
“Logo, receita crescendo com aquisições (a não organicamente) e EBITDA e lucro líquido crescendo com não recorrente fiscal não são bons sinais. Distribuição é um negócio difícil, e não conseguimos enxergar crescimento orgânico ou sinergias com as adquiridas (são poucos dados).”
completou.
Muito distante de Pharma, com margem líquida de 34%, a Viveo fica com apenas 2%.
Valuation
De acordo com a Nord, a 24x EBITDA na faixa média do IPO e com endividamento extremamente baixo (0,35x dívida liquida/EBITDA), Viveo não é nem um pouco barata. Para compara, a research usa a Hypera Pharma (HYPE3), que com margens elevadas, ROE de 14% e há 4 anos no mercado, negocia a 15x EBITDA e 15x lucros.
“Enxergamos uma companhia de margens baixas, que não cresce organicamente e depende de aquisições para elevar margens. Se Viveo não acerta em cheio nas compras, sua capacidade de aquisições pode ficar muito prejudicada.”
afirma a analista.
Portanto, a 24x EBITDA e 53x lucros, com margens baixas, riscos nas aquisições e números não recorrentes, a Nord recomenda fica de fora do IPO da Viveo.
Follow @oguiainvestidorDICA: Siga o nosso canal do Telegram para receber rapidamente notícias que impactam o mercado.