Continua após o anúncio
- A Klabin atraiu um investidor que injetará R$ 1,8 bilhão, tornando-se sócio em terras excedentes do projeto Caetê
- O acordo foi firmado com uma TIMO, um veículo de investimentos focado em florestas, com histórico de operações anteriores entre as partes
- A Klabin criará quatro Sociedades de Propósito Específico (SPEs) para gerenciar 60 mil hectares de terras produtivas, com a empresa controlando 57% do capital total
- A transação contribuirá para reduzir a alavancagem da Klabin, que já anunciou mudanças em suas políticas financeiras para fortalecer sua disciplina e alocação de capital
A Klabin anunciou uma significativa captação de recursos, atraindo um investidor que injetará R$ 1,8 bilhão em seu caixa, tornando-se sócio da companhia em terras excedentes do projeto Caetê. A Klabin firmou este acordo com uma TIMO (Timber Investment Management Organization). Um veículo de investimento que instituições criaram para focar na gestão de florestas.
Embora a maioria das TIMOs operantes no Brasil sejam de origem americana ou europeia, a Klabin não revelou a identidade do investidor. Mas mencionou já ter realizado operações anteriores com o mesmo parceiro. No cenário brasileiro, a TTG, do BTG Pactual, é a única TIMO de destaque.
O que envolve o acordo
O acordo envolve a criação de quatro Sociedades de Propósito Específico (SPEs) controladas pela Klabin, que deterá 57% do capital total. Ainda, divididos entre 16% das ações preferenciais (PNs) e 92% das ações ordinárias (ONs), enquanto a TIMO ficará com o restante. A Klabin aportará 60 mil hectares de terras produtivas para essas SPEs, sendo que a maioria pertence ao projeto Caetê. Contudo, anunciado em dezembro do ano passado, além de outros terrenos já existentes na companhia.
O CFO Marcos Ivo explicou que a criação das quatro SPEs foi uma estratégia para “respeitar a vocação de cada área.” Algumas regiões serão mais adequadas para a venda da terra para agricultura, enquanto outras poderão gerar mais valor através do replantio.
Ivo ressaltou que a transação está alinhada com os planos da Klabin para a aquisição do Caetê, mas de uma forma mais eficiente do que a venda gradual de terras, que levaria até 13 anos para atingir resultados semelhantes.
“Estamos entregando a monetização do excedente de maneira antecipada e mais inteligente,” disse Ivo.
“Com essa operação eu já tiro quase tudo do balanço de uma vez, e vou ter um parceiro que vai ficar plantando madeira e abastecendo a gente.”
Além de aumentar a liquidez, a transação contribuirá para a desalavancagem da Klabin. A companhia encerrou o segundo trimestre com uma relação de dívida líquida de 3,2 vezes o EBITDA, número que deve ter subido para 3,9 vezes no terceiro trimestre, devido ao pagamento da aquisição do Caetê.
Expectativa de alavancagem
Com a nova operação, a expectativa é que a alavancagem caia em 0,2 vezes, segundo Ivo. Além disso, a Klabin projeta aumentar sua produção em 200 mil toneladas no próximo ano, contribuindo ainda mais para a redução da alavancagem.
“Estamos no momento de colher frutos dos investimentos que fizemos e vamos entrar num processo acelerado de desalavancagem,” disse o CFO.
Paralelamente ao anúncio do investimento da TIMO, a Klabin implementou mudanças em suas políticas financeiras, buscando aprimorar a disciplina financeira e a alocação de capital. A nova política de endividamento torna o limite máximo mais restritivo, reduzindo de 4,5 vezes para 3,9 vezes o EBITDA e diminuindo o período permitido para essa alavancagem de 24 meses para apenas 12 meses.
A companhia também ajustou sua política de dividendos, estabelecendo uma nova faixa de distribuição mínima de 10% a 20% do EBITDA, em vez do intervalo anterior de 15% a 25%.
“Tudo isso é uma mensagem de confiança na desalavancagem que vem pela frente,” completa Ivo.
Esta não é a primeira vez que a Klabin realiza transações com TIMOs; desde 2018, a empresa completou cinco operações com quatro parceiros distintos, além de dois follow-ons. No entanto, esta operação é a maior até agora, somando quase o mesmo montante das operações anteriores, que totalizam R$ 1,9 bilhão.
Além disso, a Klabin poderá receber uma tranche adicional de R$ 900 milhões no segundo trimestre do próximo ano, proveniente de um co-investidor que já está associado à TIMO e está considerando participar diretamente da transação. Se essa tranche se concretizar, a Klabin poderá ver sua participação nas SPEs diluída, mas a empresa manterá o controle dos negócios.
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