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Acionistas aprovam reestruturação da Gol (GOLL54) e saída da B3 sacode o mercado aéreo

Companhia aérea terá capital fechado e deixa o Nível 2 de governança corporativa; processo será concluído após oferta pública obrigatória.

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Gol
  • Empresa aposta em reestruturação corporativa e maior agilidade fora do mercado acionário.
  • Gol (GOLL54) aprova reestruturação e confirma saída da Bolsa de Valores brasileira.
  • Controladora Abra passa a deter controle total por meio da GLA, não listada na B3.

A Gol (GOLL54) pegou o mercado de surpresa na última terça-feira (4) ao confirmar a saída da Bolsa de Valores brasileira. A decisão, aprovada em assembleia de acionistas, faz parte de uma ampla reestruturação conduzida pela controladora Abra, que também comanda a Avianca.

Com o movimento, a Gol passa a operar sob a Gol Linhas Aéreas S.A. (GLA), que não será mais listada nem registrada como companhia aberta. A medida marca o fim da trajetória da empresa no Nível 2 de governança corporativa da B3, encerrando um ciclo de duas décadas no mercado acionário.

Acionistas dão aval à operação

Na Assembleia Geral Extraordinária, os acionistas aprovaram a incorporação da Gol e da Gol Investment Brasil (GIB) pela GLA, que pertence integralmente à controladora. Segundo o plano, a GIB fará uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) das ações da Gol, conforme o estatuto e as regras da CVM 215.

Apesar da aprovação da operação, não houve quórum mínimo para definir a instituição que fará a avaliação das ações, o chamado Avaliador OPA. A empresa convocou uma nova assembleia para o dia 13 de novembro, em segunda chamada, que poderá ocorrer com qualquer número de acionistas.

Os boletins de voto já enviados seguem válidos, a menos que o investidor envie nova instrução ou solicite o descarte. A etapa seguinte será a contratação da instituição avaliadora, que elaborará o laudo da OPA e definirá os valores de referência para a operação.

Fim de uma era na B3

A saída da Gol da Bolsa marca o encerramento de um ciclo histórico iniciado no início dos anos 2000. Desde então, a companhia foi uma das principais representantes do setor aéreo brasileiro no mercado de capitais. Então, com o fechamento de capital, as ações da GOLL54 deixam de ser negociadas na B3, reduzindo a exposição da empresa a investidores minoritários.

A decisão reflete uma estratégia mais ampla da Abra, que busca simplificar a estrutura corporativa e fortalecer o grupo regional. Ademais, segundo analistas, o movimento pode abrir espaço para novas sinergias com a Avianca, além de permitir maior controle operacional e financeiro.

Ainda assim, o fechamento do capital ocorre em um momento delicado para o setor, pressionado por custos de combustível e alta do dólar. Portanto, o foco agora será o reposicionamento da marca Gol, dentro de um ecossistema controlado pela holding pan-latino-americana.

Abra assume o comando total

Hoje, a Abra detém 99,97% das ações ordinárias e 99,22% das preferenciais da Gol, consolidando um controle praticamente absoluto. Assim, a operação reforça a aposta do grupo em um modelo integrado de gestão aérea, com sinergias de frota, malha e manutenção.

Além disso, internamente, fontes próximas à companhia destacam que o fechamento de capital permitirá decisões mais ágeis e menos dependentes de governança pública, reduzindo custos e tempo de resposta a mudanças de mercado.

A GLA, nova estrutura operacional, será a base da Gol em sua próxima fase, focada em eficiência e rentabilidade, sem a pressão de investidores de curto prazo. Por fim, o mercado agora observa como o grupo administrará a transição e o impacto dessa movimentação sobre o setor aéreo brasileiro.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.