Frustração ao mercado

Ações da Vale (VALE3) encerram 2024 em queda e seu pior valor

Apesar de resultados negativos e da queda nos preços do minério de ferro, analistas veem oportunidades no pagamento de dividendos.

Ações da Vale (VALE3) encerram 2024 em queda e seu pior valor
  • As ações da Vale (VALE3) caíram cerca de 23% em 2024, o pior retorno desde 2015, devido à queda no preço do minério de ferro e à fraca demanda da China
  • O início de 2025 não trouxe bons resultados para a mineradora, com queda adicional de 5,5% nas primeiras sessões do ano, mas analistas ainda veem potencial de valorização, especialmente com os dividendos
  • Apesar das dificuldades, analistas como os do Citi e Bradesco BBI destacam que a Vale continua atraente para investidores devido ao forte fluxo de caixa e dividendos, além de uma possível recuperação do minério de ferro

O ano de 2024 foi particularmente difícil para a Vale (VALE3), cujas ações registraram uma queda de cerca de 23% no acumulado do período. Assim, marcando o pior desempenho da mineradora desde 2015.

Esse retrocesso foi impactado, principalmente, pela desvalorização do minério de ferro, que sofreu uma redução de 15% durante o ano passado.

Além disso, a queda no valor de mercado da mineradora, que agora se situa abaixo de US$ 40 bilhões, representa uma marca negativa desde 2016. Exceto, por algumas semanas durante a crise da Covid-19.

No início de 2025, o cenário continuou desafiador para as ações da empresa, com uma nova queda de 5,5% nas cinco primeiras sessões do ano.

O impacto da queda do minério de ferro

A principal razão para o desempenho negativo das ações da Vale em 2024 foi a desaceleração no preço do minério de ferro, uma das commodities mais importantes para a mineradora.

A queda foi impulsionada por uma série de fatores, sendo o mais significativo a demanda fraca da China, maior consumidor global da commodity.

A desaceleração da economia chinesa, que continua a enfrentar um mercado imobiliário em crise, afetou diretamente as siderúrgicas. Que, por sua vez, reduziram suas compras de minério de ferro. Além disso, altos estoques e margens apertadas no setor de aço contribuíram para a pressão sobre os preços.

Essa tendência negativa se manteve no início de 2025, com os contratos futuros do minério atingindo mínimas em sete semanas. Ainda, em meio a expectativas decepcionantes sobre novos estímulos econômicos na China.

Oportunidades e dividendos atraentes

Apesar do cenário desafiador para as ações da Vale, analistas do mercado não descartam a possibilidade de recuperação.

O banco Citi, por exemplo, destacou que a mineradora continua oferecendo dividendos robustos, o que pode compensar a queda nas ações.

Em seu relatório, o Citi ressaltou que, mesmo com o valor de mercado da Vale abaixo de US$ 40 bilhões, os ativos da empresa continuam subvalorizados. Em comparação à média histórica dos últimos dez anos.

A instituição manteve a recomendação de compra para os ADRs da mineradora. Reduzindo, no entanto, o preço-alvo de US$ 15 para US$ 12, o que ainda implica em um potencial de valorização de 41% em relação ao fechamento de quarta-feira (8).

Para 2025, o Citi estimou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) de US$ 13,8 bilhões para a Vale. Assim, com expectativas de que o preço do minério de ferro possa surpreender positivamente, proporcionando um rendimento de dividendos de 9% no ano.

Mesmo com a queda do minério, a mineradora ainda se mostra uma opção atraente para os investidores que buscam geração de caixa e rendimentos consistentes.

Perspectivas de valorização e o papel da China

Outros bancos, como o Bradesco BBI, também se mostraram otimistas em relação ao futuro da Vale, embora reconheçam os desafios enfrentados pela mineradora.

O Bradesco, por exemplo, atualizou suas estimativas e favoreceu a Vale em relação a outras siderúrgicas, como Gerdau e Usiminas. Contudo, que foram rebaixadas de “compra” para “neutra”.

O BBI acredita que, apesar da dependência da Vale em relação ao desempenho da China, a empresa tem potencial para melhorar seu fluxo de caixa livre (FCF) e apresentar um desempenho melhor em 2025.

A expectativa é de um rendimento de 15% de FCF para a Vale, considerando um preço do minério de ferro de US$ 100 por tonelada.

Além disso, o Itaú BBA, em sua análise de preferências para o início do ano, também destacou a Vale como uma boa aposta, preferindo-a em relação a Gerdau devido à maior perspectiva de geração de caixa da mineradora.

Embora o cenário do setor de mineração e siderurgia seja desafiador, com o mercado imobiliário da China ainda fraco e uma desaceleração esperada no PIB brasileiro, a Vale se destaca como uma empresa com fundamentos sólidos, o que atrai a atenção de investidores em busca de empresas mais resilientes.

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