
A Aura Minerals (AURA33) anunciou planos para listar suas ações na Nasdaq, uma das principais bolsas dos Estados Unidos. Com essa operação, a expectativa é que seja levantado cerca de US$ 300 milhões, conforme apurou a coluna Pipeline, do Valor Econômico.
O que está por trás da decisão?
Hoje, a Aura é listada na Bolsa de Toronto, no Canadá, e tem BDRs negociados no Brasil. Seu valor de mercado gira em torno de US$ 1,8 bilhão, mas suas ações são negociadas com desconto significativo frente a seus concorrentes.
O papel é precificado a apenas 40% do seu valor patrimonial líquido (NAV), enquanto a média do setor é de 90%.
A baixa liquidez tem sido um dos principais entraves. Nas últimas semanas, o volume médio diário negociado ficou em cerca de US$ 4 milhões.
Com a listagem na Nasdaq, a expectativa é que esse número mais do que triplique, chegando a pelo menos US$ 15 milhões.
Por que não ficar só no Canadá?
Apesar de historicamente relevante para o setor de mineração, o Canadá tem perdido tração como hub de listagem de mineradoras.
Fontes próximas à empresa apontam que o mercado americano é mais profundo, mais líquido e mais propício a atrair grandes gestoras e investidores institucionais.
Outras empresas do setor já seguiram esse caminho. A Equinox migrou para os EUA em 2019.
A Yamana Gold, em 2007, também trocou o Canadá pela terra do Tio Sam — e, em 2020, ainda expandiu sua listagem para Londres.
Como será feita a listagem da Aura?
A Aura pretende manter sua listagem em Toronto, mas com a maior parte das negociações migrando para os EUA. Com isso, o BDR negociado no Brasil deixará de ser lastreado nas ações canadenses e passará a ser vinculado aos papéis da Nasdaq.
A companhia já iniciou os trâmites com a SEC para uma oferta pública primária e secundária de ações, que deve levantar cerca de US$ 300 milhões, segundo fontes do mercado.
O montante ainda pode variar conforme a demanda de investidores — os bancos estão, no momento, em uma fase de “pilot fishing”, sondando o interesse institucional.
O float atual é de 35% do capital e deve aumentar com a operação. Ainda não se sabe exatamente o quanto, já que depende de quantas ações serão emitidas e vendidas pelos atuais acionistas.
O que a Aura vai fazer com o dinheiro?
O caixa reforçado deve impulsionar o desenvolvimento de três projetos-chave:
- Mineração Serra Grande (GO) – recém-adquirida da AngloGold por US$ 76 milhões, com necessidade adicional de US$ 20 a US$ 30 milhões em investimentos.
- Projeto Matupá (MT) – onde já há comprovação de ouro, mas faltam os investimentos de engenharia e execução.
- Mina Era Dorada (Guatemala) – outro ativo estratégico no pipeline da empresa.
Ouro em alta histórica
A operação da Aura vem na esteira de uma alta histórica do ouro, que recentemente atingiu a marca de US$ 3.300 por onça troy. Há apenas 18 meses, o metal era negociado perto dos US$ 2.000.
Dois fatores explicam essa disparada:
- O confisco das reservas russas em dólares após a guerra da Ucrânia, que levou países como a China a aumentarem massivamente suas reservas em ouro.
- O crescente endividamento dos Estados Unidos, que coloca em xeque a posição do dólar como moeda de reserva global, favorecendo ativos como o ouro.
Com informações do Brazil Journal e Pipeline.