
- Copom manteve Selic em 15%, com consenso total entre gestores.
- Aposta no “Kit Brasil” (Real, Bolsa e juros) volta a superar o CDI.
- Confiança na moeda e melhora macro reacendem otimismo com ativos locais.
O Copom manteve a Selic em 15%, decisão amplamente esperada, mas com impacto imediato sobre o humor do mercado. Com o cenário de juros altos no Brasil e a queda das taxas nos Estados Unidos, gestores voltaram a mirar no chamado “Kit Brasil”, combinação de apostas em Real, Bolsa local e juros pré-fixados.
Segundo levantamento da XP Investimentos, as estratégias que antes atuavam de forma defensiva agora se tornam mais diretas, refletindo um ambiente macroeconômico considerado mais previsível e favorável aos ativos nacionais. A pesquisa aponta 100% de consenso entre os gestores de que a taxa básica seguirá estável neste encontro e terminará 2026 ainda elevada, em torno de 12,2%.
Estratégias em nova fase
O movimento marca uma mudança importante de postura entre os multimercados, que voltaram a mirar lucros em vez de apenas proteção. A XP mostra que a cesta formada por 33% de Real, 33% de juros pré-fixados e 33% de Bolsa local superou o CDI ao longo de 2025, reforçando a atratividade do “Kit Brasil”.
Com o ambiente global mais benigno, o ciclo de reprecificação tende a beneficiar mercados emergentes e o Brasil aparece entre os principais alvos desse fluxo. Para os gestores, o novo equilíbrio de forças entre inflação, câmbio e juros cria o cenário ideal para uma virada estrutural nos investimentos locais.
“As estratégias deixaram de ser apenas defensivas. Agora, o mercado está mais confiante em um ciclo de ganhos reais, impulsionado pela queda dos juros nos EUA e pela melhora doméstica”, diz o relatório.
Inflação e câmbio sob controle
A inflação também entrou em trajetória de ancoragem. No início do ano, o consenso indicava alta de 5,7% em 2025, mas agora a projeção caiu para 4,5%, segundo a XP. Embora ainda acima da meta de 3%, a tendência é de moderação constante, apoiada na desvalorização do dólar e na desaceleração global.
O câmbio, aliás, virou aposta clara. A posição dos gestores “comprados” em real saltou de 33% em janeiro para 76% em novembro, refletindo confiança na moeda brasileira. Além disso, o call de dólar fraco se mantém, impulsionado tanto pela expectativa de cortes nos EUA quanto pela melhora marginal da economia local.
Portanto, apenas 23% dos gestores ainda mantêm visão negativa sobre o Brasil, uma virada significativa em relação aos 84% do início do ano.
Juros e Bolsa em retomada
Nos juros, o foco está nos títulos nominais, cuja participação nas carteiras subiu de 17% em janeiro para 65% em novembro. Esse movimento acompanha o otimismo com os fundos multimercados, que voltaram a entregar performance acima do CDI, segundo a pesquisa.
Ademais, o apetite também cresce na Bolsa brasileira, com 46% dos gestores comprados, avanço expressivo frente aos 33% do início do ano, apesar da correção recente puxada pela queda do petróleo. Já na Bolsa dos EUA, o percentual recuou de 60% para 46%, sinal de preferência clara pelos ativos locais.
Em suma, para o mercado, a manutenção da Selic indica estabilidade e previsibilidade, elementos que fortalecem o Kit Brasil e podem atrair novos fluxos internacionais.