Mercado

Ibovespa recua com tensões no Oriente Médio, mas ações de petroleiras impede derretimento

Ataque israelense a estrutura nuclear iraniana gera aversão global a risco; no Brasil, MP que muda tributação sobre LCI e LCA segue no radar

Ibovespa recua com tensões no Oriente Médio, mas ações de petroleiras impede derretimento

Os mercados globais iniciaram a sexta-feira (13) em modo de aversão ao risco após Israel atacar estruturas militares e nucleares no Irã, elevando os temores de uma escalada bélica no Oriente Médio. Em resposta, o Ibovespa (IBOV) recuava 0,42% por volta das 10:15, aos 137.222 pontos.

Além da tensão geopolítica, os investidores brasileiros monitoram os desdobramentos da medida provisória (MP) editada pelo governo que acaba com a isenção de Imposto de Renda sobre LCI e LCA e unifica a alíquota do IR em aplicações financeiras em 17,5%.

Altas e baixas do Ibovespa

Diante desse cenário, a maior parte das ações do Ibovespa operava no vermelho na manhã desta sexta-feira (13). Por volta das 10h20, os destaques negativos ficavam com Cogna (COGN3), Vivara (VIVA3) e CVC Brasil (CVCB3).

A Cogna liderava as perdas, com queda de 2,78%, negociada a R$ 2,80, seguida por Vivara, que recuava 2,15%, a R$ 24,12. Já a CVC Brasil perdia 2,38%, cotada a R$ 2,46.

Na ponta oposta, poucas ações operavam em alta. Os papéis da Petrobras (PETR3)(PETR4), Prio (PRIO3), Brava Energia (BRAV3) e PetroReconcavo (RECV3), influenciados pela disparada no preço do petróleo.

A PETR3 subia 4,13% a R$ 35,66, já a PETR4 +4,14 a R$ 33,06. PRIO3: +3,79% a R$ 44,86. BRAV3: 5,76% a R$ 21,65. Enquanto RECV3 avançava 2,31% a R$ 15,50.

Conflito no Oriente Médio contamina os mercados

O ataque de Israel a Teerã matou altos oficiais militares iranianos e atingiu uma unidade de enriquecimento de urânio em Natanz, provocando o fechamento dos espaços aéreos do Irã e de Israel.

Em retaliação, Teerã lançou 100 drones contra território israelense e culpou os Estados Unidos por permitirem a ofensiva.

O presidente americano Donald Trump afirmou em rede social que deu ao Irã “chance atrás de chance” para fechar um acordo nuclear e afirmou que novos ataques já estão sendo planejados.

Bolsas globais caem, e “índice do medo” dispara

A tensão militar gerou um forte movimento de fuga para ativos considerados seguros, como ouro e dólar. O índice VIX, que mede a volatilidade do mercado americano e é conhecido como “índice do medo”, saltava 11%.

Nos EUA, os principais índices futuros operavam em queda:

  • Dow Jones: -1,03%
  • S&P 500: -0,94%
  • Nasdaq: -1,20%

Na Europa, o tom também era negativo:

  • Frankfurt: -1,30%
  • Paris: -0,80%
  • Londres: -0,21% (atenuada pela alta nas ações de petroleiras)

Na Ásia, as principais bolsas fecharam em queda, com Tóquio caindo 0,89%, Hong Kong 0,59% e Xangai 0,75%.

Petróleo dispara; ADRs da Petrobras sobem

A possibilidade de interrupções no fornecimento de petróleo, especialmente pelo Estreito de Ormuz, impulsionou fortemente os preços da commodity. Às 8h30, o Brent para agosto subia 7,83%, a US$ 74,79, após ter avançado mais de 11% em dado momento.

O movimento também refletiu nos ADRs de petroleiras no pré-mercado de Nova York:

  • Petrobras: +3%
  • Shell: +1,87%
  • BP: +2,62%
  • Chevron: +2,83%
  • ExxonMobil: +2,97%

Já o minério de ferro recuou 0,14% na Bolsa de Dalian (China), a US$ 97,99. O ADR da Vale caía 1,47% no pré-mercado.

MP que muda regras do IR divide mercado

Internamente, a medida provisória do governo que altera a tributação de investimentos ainda gera cautela nos mercados.

A proposta unifica a alíquota de IR em 17,5% para todas as aplicações financeiras e acaba com a isenção para LCI e LCA, o que pode reduzir a atratividade desses ativos.

Segundo o governo, as mudanças devem gerar economia de R$ 4,3 bilhões em 2025 e R$ 10,7 bilhões em 2026 para os cofres públicos. No entanto, há resistência no Congresso, e a adesão de deputados e senadores ainda é incerta.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.