
- Setor financeiro da Bolsa negocia com desconto médio de 28% entre bancos e 53% entre empresas financeiras não bancárias.
- Papéis como XP, Stone, PagBank, Inter e Banco Pan estão entre os mais subavaliados, com múltiplos até 76% abaixo da média.
- Contexto macroeconômico mais favorável pode destravar valor desses ativos nos próximos trimestres.
Apesar da alta do Ibovespa em 2025, ações do setor financeiro continuam negociando com grandes descontos em relação à média histórica, segundo o Citi. Com múltiplos P/L até 76% abaixo dos padrões, especialistas enxergam oportunidade de valorização, especialmente em empresas como XP, Stone, PagBank e Inter.
Oportunidades escondidas: o setor mais barato da Bolsa
O Ibovespa acumula alta superior a 12% em 2025, mas esse movimento de recuperação não se reflete de forma igual entre todos os setores. Segundo análise do Citi, o setor financeiro — tanto bancário quanto não bancário — continua negociando com fortes descontos em relação às médias dos últimos anos.
Nesse sentido, bancos brasileiros estão sendo negociados a um múltiplo preço/lucro (P/L) médio de 9 vezes, um valor 28% abaixo da média histórica de 12,5x observada nos últimos cinco anos. No caso de empresas financeiras não bancárias, como XP, PagBank e Stone, o desconto é ainda mais agressivo: 53%, com P/L médio atual de 9,3x ante a média histórica de 14,3x.
Sendo assim, a análise sugere que, apesar da performance positiva da Bolsa como um todo, esses ativos ainda não recuperaram o valor justo segundo os fundamentos. Isso indica uma janela de oportunidade para investidores atentos, especialmente considerando que lucros das companhias vêm se estabilizando após os impactos da pandemia e da alta de juros.
Portanto, para o Citi, o valuation descontado não reflete adequadamente os fundamentos operacionais dessas empresas, o que torna o setor financeiro brasileiro uma das apostas mais atrativas da América Latina no momento.
Quais papéis estão mais descontados?
Dentro do universo bancário, o Citi destaca que os maiores descontos estão concentrados em empresas como Inter (48%), Banco Pan (40%) e Nubank (29,6%). Vale lembrar que, no caso de Inter e Nubank, o banco considerou a média dos últimos dois anos devido à baixa lucratividade anterior, o que distorceria a comparação de longo prazo.
No setor financeiro não bancário, o quadro é ainda mais expressivo. As ações da Stone e do PagBank apresentam descontos de 76% e 70%, respectivamente. Já a XP negocia com 66% de desconto, operando a um P/L de 9,2x — um nível muito abaixo do histórico da companhia.
Esses dados refletem, em parte, a desconfiança residual do mercado em relação ao crescimento futuro dessas empresas. No entanto, também revelam uma possível subprecificação causada por excesso de cautela dos investidores.
O Citi reforça sua preferência por papéis como B3, XP, Stone, PagBank, Itaú e Banorte, considerando o risco-retorno implícito nos fundamentos de cada empresa. A recomendação está atrelada à tese de recuperação setorial em um ambiente macroeconômico menos hostil e de possível queda nas taxas de juros.
Contexto macroeconômico e potencial de valorização
O estudo do Citi surge em um momento de transição no cenário macroeconômico brasileiro. A inflação controlada e a sinalização de corte gradual da taxa Selic abrem espaço para recuperação de setores cíclicos, entre eles o financeiro. Empresas mais expostas à atividade econômica, como bancos de crédito e plataformas de investimento, tendem a se beneficiar mais.
Além disso, o avanço das fintechs e a transformação digital ampliaram a base de usuários e reduziram custos operacionais, o que deve melhorar as margens de lucro no médio prazo. Ainda que o setor tenha enfrentado pressão regulatória e competição acirrada, os fundamentos continuam sólidos.
Os grandes descontos atuais também refletem fatores técnicos, como fluxo estrangeiro reduzido e menor apetite por ativos emergentes em 2024. Contudo, analistas apontam que esses fatores são passageiros e não comprometem os fundamentos das empresas analisadas.
Para investidores de médio e longo prazo, o atual cenário representa uma oportunidade rara de entrada em ativos com grande potencial de valorização, especialmente se o ciclo de afrouxamento monetário se confirmar e estimular o consumo e o crédito.