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É impossível falar de tendências digitais em 2022 sem passar pelos NFTs, os certificados não fungíveis, na tradução direta para português. Eles estão em todo o lugar e já ganharam a atenção de grandes empresas, celebridades e influenciadores digitais.
Um exemplo que ganhou bastante destaque recentemente é a coleção de arte “Bored Ape Yatch Club”, lançada em 2021, que reúne cerca de 10 mil ilustrações de macacos entediados e já movimentou US$ 1,2 bilhão.
Os bichos modernos conquistaram o jogador brasileiro Neymar e o cantor Justin Bieber, que pagaram milhões para ter um dos desenhos e utilizarem de maneiras variadas — incluindo como fotos de perfil em redes sociais.
Quem faz parte desse “clube” de colecionadores também tem acesso a eventos exclusivos, como uma festa em um iate em Nova York ou shows de bandas populares, além de participar de fóruns fechados de conversas na Internet.
“NFTs já estão em todo lugar, e seu potencial é quase ilimitado. Ela pode ser utilizada como certificado de posse de obras de arte, elementos utilizados dentro de games (como as vestimentas de um personagem, ou produtos que ele usa em seu mundo) músicas, artigos colecionáveis como cards digitais, terrenos virtuais em ambientes de metaverso, ou até vídeos de momentos históricos”, comenta Satye Inatomi, uma das sócias da Jahe Marketing.
E a tendência já dá indícios de que também vai se alastrar pelo mundo físico. No começo de fevereiro, um grupo imobiliário nos Estados Unidos apresentou um imóvel de verdade, localizado na Flórida, à venda em um leilão a partir de 204 ethereums (uma criptomoeda) que, na cotação atual, corresponde a mais de R$ 3 milhões.
“Pode parecer bastante abstrato, mas o fato é que é uma ideia que vem movimentando investimentos ao redor do mundo. Só em 2021, as transações a partir de NFTs somaram cerca de US$ 41 bilhões”, diz Thaís Facchin, também sócia da Jahe Marketing.
O número, divulgado pela Bloomberg, é estimado, pois as transações são feitas de maneira descentralizada. Ele representa, contudo, um crescimento espantoso em relação a 2020, quando o valor era de cerca de US$ 100 milhões.
As duas concordam que, apesar de parecer algo exclusivo para grandes companhias e investidores, os NFTs também podem ser explorados por pequenas e médias empresas para atrair e fidelizar clientes. Abaixo, as sócias da Jahe Marketing dão ideias de como fazê-lo:
- Criação de pequenos itens colecionáveis, para fidelizar clientes e aumentar o buzz da empresa no ambiente online. Se a companhia tem um público jovem e conectado com tecnologia, a mera possibilidade de que seus clientes possam receber itens digitais rastreáveis em NFT pode gerar burburinho online, e viabilizar parcerias com designers gráficos, músicos e outros tipos de criadores. “Nesse sentido, é possível criar uma comunidade só com os detentores das suas NFTs, criando um ar de exclusividade que muitos consumidores buscam”, comenta Satye Inatomi.
- Marketing social: é possível aplicar NFTs para arrecadar dinheiro, e ajudar causas sociais. Dessa forma, a marca pode agir em dois níveis — aumentando a visibilidade de causas que podem ajudar populações vulneráveis e comunidades locais, e se conectando a uma audiência interessada em novas tecnologias de consumo.
- Captação de recursos junto a apoiadores: alternativas em NFT podem ser aplicadas para criar campanhas de financiamento. Por conta da tecnologia de blockchain (pense nisso como uma livro-caixa virtual), os apoiadores conseguem rastrear o investimento feito e passam a ter posse de um pedaço virtual da companhia.
Por onde começar?
Para quem quer saber mais, as sócias da Jahe Marketing indicam procurar companhias que auxiliem na entrada de interessados no universo dos criptoativos.
De forma geral, o primeiro passo é se cadastrar em uma plataforma como a Ethereum — que dá nome à criptomoeda com a qual o imóvel na Flórida foi leiloado.
Elas são capazes de executar ações com a tecnologia blockchain. Com uma carteira nesse site, é possível então registrar seus produtos e seus preços. Entre os marketplaces populares para NFTs estão o Mintable, OpenSea ou Rarible.
Existem alternativas que geram NFTs sem custo algum, enquanto outras cobram preços que podem variar de US$ 1 a US$ 500, investimento relativamente baixo para empresas, dependendo do porte. A variação está ligada à volatilidade alta das criptomoedas.
“O leque de alternativas possíveis com a tecnologia de blockchain e tokens não fungíveis abre muitas possibilidades e também traz alguns riscos. Mas, mesmo que esse não seja o momento para a empresa se jogar no mundo NFT, saber como ele funciona é o primeiro passo para aproveitar uma oportunidade no futuro”, afirma Thaís Facchin.
Antes de se aventurar, as especialistas em marketing recomendam que os empreendedores busquem empresas de confiança, e com um bom portfólio em marketing digital.
Como o mundo dos tokens não fungíveis está intimamente ligado a outros criptoativos, conversar com profissionais de tecnologia também pode valer a pena.
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