A inflação mensal da Argentina continuou a se aproximar da mínima de quatro anos em dezembro, permitindo que o presidente Javier Milei implementasse sua primeira alteração na política monetária em mais de um ano. O banco central argentino anunciou que reduzirá o ritmo de desvalorização controlada do peso para 1% ao mês a partir de fevereiro.
A medida, anunciada na terça-feira (14), representa a primeira mudança na política cambial, conhecida como “crawling peg”, desde que Milei assumiu o cargo. A inflação desacelerou para 2,7% em dezembro, em relação a novembro, o terceiro mês consecutivo abaixo de 3%, em linha com as expectativas do mercado. A inflação anual também caiu para 117,8%, segundo dados oficiais.
O banco central afirmou que o ajuste na taxa de câmbio continua atuando como uma âncora complementar para as expectativas de inflação.
Impacto Político e Econômico
A popularidade de Milei se mantém alta antes das eleições parlamentares, impulsionada pela redução da inflação e pela estabilidade cambial. No entanto, a mudança na política cambial pode gerar aumento da inflação, impactando a aprovação do governo.
Até então, o governo mantinha a desvalorização cambial fixa em 2% ao mês, apesar da inflação superar esse valor. Economistas alertam que essa política de câmbio supervaloriza o peso, o que pode levar a desvalorizações abruptas e instabilidade política, como ocorreu em governos anteriores.
Milei havia se comprometido a reduzir a desvalorização para 1% ao mês caso a inflação se mantivesse constante até o final de 2024. Ele também prometeu adotar uma “taxa de câmbio flexível” após suspender os controles cambiais ainda este ano.
A experiência anterior de suspensão dos controles cambiais, em 2015, resultou em aumento da inflação e dificuldades para o então presidente Mauricio Macri. A equipe de Milei avalia a possibilidade de implementar uma taxa de câmbio administrada (“flutuação suja”) após a suspensão dos controles, permitindo que o peso flutue dentro de parâmetros predefinidos.