A Azul (AZUL4) e a Abra, holding controladora da Gol (GOLL4), estão prestes a formalizar um memorando de entendimento (MOU, sigla em inglês) nas próximas semanas, marcando o início das negociações para uma possível fusão entre as duas maiores companhias aéreas brasileiras. O acordo, que já era esperado desde novembro de 2023, foi adiado devido ao pedido de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, no início deste ano. No entanto, segundo reportagem publicada no jornal Valor Econômico, confirmam que o memorando deve ser assinado ainda em janeiro de 2024, iniciando oficialmente a troca de informações e o alinhamento entre as empresas.
A fusão entre Azul e Gol, que dominam mais de 60% do mercado aéreo brasileiro, seria um movimento estratégico para enfrentar o alto nível de endividamento que ambas as empresas estão enfrentando, além das dificuldades impostas pela desvalorização do real. A Gol, que entrou com um pedido de recuperação judicial sob o Chapter 11 nos Estados Unidos, já enfrenta desafios financeiros desde janeiro deste ano. A expectativa do mercado é que a combinação de negócios ajude as duas companhias a otimizar seus ativos e melhorar sua saúde financeira.
O memorando de entendimento, de acordo com informações divulgadas pelo Valor Econômico, delineará os parâmetros principais para a fusão, como a estrutura de capital e governança da nova entidade. Embora o modelo de governança ainda esteja sendo discutido, uma das ideias mais mencionadas é a criação de uma nova companhia sem um controlador definido, o que garantiria a manutenção das duas marcas — Gol e Azul —, seguindo o modelo de outras fusões recentes, como a união entre Avianca e Gol. Essa estrutura seria similar à formação de uma joint venture, que já vem sendo aplicada entre as duas empresas no modelo de compartilhamento de assentos, conhecido como “codeshare”.
O mercado reagiu positivamente às notícias sobre a fusão. As ações da Azul apresentaram um avanço de cerca de 5%, enquanto as ações da Gol tiveram um salto de mais de 11%, indicando uma confiança crescente dos investidores no potencial de uma união entre as duas companhias. A ideia de que a fusão poderá resultar na criação de uma “nova companhia” sem um controlador definido é vista como uma estratégia de governança moderna, o que também poderá atrair mais investidores e reduzir as incertezas do mercado.
Entretanto, especialistas alertam para os desafios regulatórios que a fusão enfrentará, especialmente no que diz respeito à avaliação antitruste. Como mencionado anteriormente, as duas companhias dominam juntas aproximadamente 60% do mercado aéreo brasileiro, o que poderá levantar preocupações de concentração de mercado perante o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). No entanto, analistas acreditam que a justificativa de que ambas as empresas estão enfrentando dificuldades financeiras poderá ser utilizada para argumentar a favor da fusão, utilizando o “argumento de empresas em dificuldades” como uma base sólida para superar a análise antitruste.
O papel da Abra, que controla a Gol e, indiretamente, a Avianca, também será um ponto de atenção durante as negociações. A holding tem demonstrado interesse em utilizar a fusão para fortalecer sua posição no mercado e, possivelmente, tornar a nova empresa pública, com a listagem de ações. A expectativa é que, com uma estrutura clara de governança e a criação de sinergias entre as duas empresas, a fusão possa atrair investidores interessados no setor aéreo.
Além do aspecto financeiro, a fusão poderia gerar importantes sinergias operacionais. A Azul, que possui uma forte presença no mercado regional e em cidades do interior, poderia complementar a rede da Gol, que é mais voltada para hubs corporativos. Isso resultaria em uma ampliação da conectividade entre as rotas das duas companhias, beneficiando passageiros com mais opções de voos, além de melhorar as condições de negociação de leasing de aeronaves e fortalecer o programa de fidelidade.
Ações Gol (GOLL4)
As ações da Gol Linhas Aéreas (GOLL4) registraram um expressivo crescimento de 10,32%, com alta de R$ 0,16. O desempenho corrobora com o otimismo do mercado em relação às negociações de fusão com a Azul. A valorização é vista como um sinal positivo para os investidores no setor aéreo.
Ações AZUL (AZUL4)
As ações da Azul Linhas Aéreas (AZUL4) apresentam um desempenho bastante positivo na B3, com valorização de 4,04%, um aumento de R$ 0,17. A alta reflete o otimismo do mercado diante das perspectivas de fusão e recuperação da empresa.