Alta expressiva

Café deve ficar 25% mais caro, aponta a Abic

O preço do café está prestes a passar por um aumento nos próximos meses, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café.

Café deve ficar 25% mais caro, aponta a Abic
  • O café deve subir de 20% a 25% devido à expectativa de safra maior em 2026 e à redução da oferta interna
  • O mercado de café no Brasil cresceu 60,85% em 2024, apesar da queda no consumo per capita
  • A indústria brasileira monitora possíveis aumentos nas tarifas dos EUA, maior consumidor de café, que podem afetar os preços

O preço do café no Brasil está prestes a passar por um aumento significativo nos próximos meses. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), a elevação pode variar entre 20% e 25%, um reflexo direto da expectativa de uma safra maior no ano de 2026.

Embora esse aumento seja uma tendência para o curto prazo, especialistas já indicam que os preços devem começar a cair a partir de setembro de 2025. Portanto, devido ao aumento da oferta de grãos que ocorrerá no ano seguinte.

Contexto do mercado

A alta dos preços do café não é uma novidade para os consumidores brasileiros. Em 2023, o produto liderou o aumento de preços entre os itens essenciais da cesta básica. Dessa forma, com uma alta de 37,4%, conforme dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Esse cenário de aumentos continuou durante o ano de 2024, quando o mercado de café manteve o mesmo ritmo de crescimento. Para o presidente da Abic, Pavel Cardoso, esse movimento é uma reação à redução da oferta interna. E, além dos desafios enfrentados pela produção global.

Aumento no consumo e no faturamento

Apesar de uma leve queda no consumo per capita de café torrado e moído, que passou de 5,12 quilos por habitante em 2023 para 5,01 quilos em 2024, o consumo total do produto no Brasil aumentou 1,11%.

Esse aumento é atribuído principalmente ao crescimento da população brasileira, o que resultou em um faturamento recorde no mercado interno. Em 2024, o setor atingiu R$ 36,82 bilhões, um salto de 60,85% em relação aos R$ 22,89 bilhões registrados em 2023.

Esse crescimento foi impulsionado pela alta nos preços, com o preço do quilo do café torrado e moído tradicional chegando a R$ 48,90 em dezembro de 2024.

Impactos da produção brasileira

Embora o Brasil seja o maior produtor de café do mundo, a safra de 2024 não atingiu os números de 2023. Assim, com um volume menor, de 54,21 milhões de sacas, em comparação com os 55,07 milhões de sacas do ano anterior.

Essa redução na oferta de grãos foi um dos fatores que ajudaram a pressionar os preços para cima, além da queda na produção do Vietnã, outro grande player no mercado global de café.

Para a indústria brasileira, essa queda na oferta interna se alinha com o impacto da redução na produção dos principais países produtores, o que leva à alta das cotações internacionais.

Preocupações com o mercado internacional

O cenário internacional também exerce pressão sobre os preços do café. A política de tarifas de importação dos Estados Unidos, maior consumidor mundial de café, está sendo monitorada de perto pela indústria brasileira.

Fabio Sato, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), destaca que possíveis aumentos nas tarifas de importação podem afetar diretamente os preços ao consumidor no Brasil e em outros mercados, uma vez que os Estados Unidos representam uma parte significativa do comércio global de café.

Além disso, as condições climáticas adversas em várias regiões produtoras também podem contribuir para a instabilidade nos preços, tornando o mercado ainda mais volátil.

A combinação desses fatores internos e externos tem gerado incertezas para o futuro próximo, mas também é vista como uma oportunidade para os produtores que podem se beneficiar da alta nos preços.

Projeções para o futuro do café no Brasil

A previsão de uma safra maior em 2026 traz certa esperança para a indústria de café brasileira, que poderá ver a oferta aumentar e, com isso, uma redução nos preços no médio prazo. Entretanto, enquanto essa expectativa não se concretiza, os consumidores devem se preparar para um período de preços elevados.

A situação atual, com a alta de 20% a 25% nos preços do café, é um reflexo de uma série de fatores, tanto internos quanto externos. A Abic já projeta que a elevação de preços será temporária, com uma estabilização prevista para a partir de setembro de 2025.

No entanto, o cenário global de produção e as políticas internacionais continuam a ser variáveis importantes que moldam o futuro do café no Brasil.

Assim, o setor de café segue atento a esses movimentos e busca se adaptar às flutuações do mercado para garantir a sustentabilidade da produção e o abastecimento contínuo do produto, essencial para a cultura e economia brasileiras.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ