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- Caixa teve lucro de R$ 14 bilhões e aumento de 32% na comparação com 2023
- A margem financeira teve aumento de 1,3%, mas ficou abaixo das expectativas
- ROE de 10,4% é inferior ao de concorrentes como Itaú e Bradesco, mas o CEO destaca o crescimento significativo
A Caixa Econômica Federal encerrou o ano de 2024 com um lucro líquido de R$ 14 bilhões, marcando um crescimento expressivo de 32% em relação ao ano anterior. No entanto, apesar desse avanço substancial, o banco ainda enfrenta desafios quando comparado aos seus principais concorrentes no setor bancário.
O ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) da Caixa ficou em 10,4%, um crescimento de quase 2 pontos percentuais em relação a 2023. Mas, ainda consideravelmente abaixo dos grandes bancos privados, como Itaú (22,7%), Bradesco (13,4%) e Banco do Brasil (20,8%).
Aumento substancial
O lucro da Caixa em 2024 foi um dos melhores resultados dos últimos anos. Além do lucro líquido de R$ 14 bilhões, o banco viu um crescimento de 1,3% na sua margem financeira, que alcançou R$ 61,6 bilhões. Além da 7,8% na receita de prestação de serviços, totalizando R$ 27,8 bilhões.
Esse desempenho é, no entanto, uma recuperação visível, mas o banco não conseguiu alcançar os guidances estabelecidos inicialmente. Especialmente, em relação à margem financeira.
A expansão da margem bruta, excluindo as provisões de risco de crédito, ficou abaixo da expectativa. Contudo, que era de crescimento entre 3% e 7%.
Crescimento da margem financeira
O vice-presidente de finanças da Caixa, Marcos Brasiliano, atribuiu o não-atingimento do guidance a dois fatores não-recorrentes.
O primeiro foi um ganho extraordinário relacionado à recuperação de crédito no final de 2023, que inflou a base comparativa. O segundo fator foi uma perda relevante com outro ativo no final de 2024.
Sem esses dois efeitos extraordinários, a margem financeira teria crescido dentro da faixa superior do guidance previsto. Esse tipo de volatilidade ressalta a dificuldade de planejar e medir resultados no setor bancário. Assim, onde a recuperação de crédito e os movimentos de mercado podem impactar significativamente os números.
ROE e perspectivas para o futuro
O CEO da Caixa, Carlos Vieira, deixou claro que o banco nunca atingirá um ROE similar ao de bancos privados como o Itaú e o Banco do Brasil, devido ao papel social da Caixa e sua função estratégica no Brasil, como a liderança no crédito imobiliário.
Apesar do ROE de 10,4%, inferior ao de seus concorrentes, Vieira destacou que o crescimento da Caixa foi expressivo, e que o banco se aproxima de alguns bancos privados em termos de crescimento de mercado.
O crescimento da carteira de crédito também foi um ponto positivo para a instituição, com uma expansão de 10% no ano, alcançando o total de R$ 1,2 trilhões. A maior parte desse montante está relacionada ao crédito imobiliário, que cresceu 13,5%, consolidando a Caixa como uma das líderes nesse segmento.
O banco também observou um crescimento expressivo na poupança, um produto que, apesar das dificuldades enfrentadas pelo mercado, registrou um crescimento contínuo.
Inadimplência e desempenho do mercado
Em relação à inadimplência, a Caixa obteve um desempenho acima da média do mercado, com uma taxa de 1,97% no quarto trimestre de 2024, comparada com 2,2% no final de 2023. Esse índice ficou bem abaixo da média do setor, que foi de 3,17%.
O banco também viu um aumento na cobertura da provisão, que subiu de 189% para 204%, refletindo a gestão eficiente do risco de crédito. A redução nas provisões totais, que caíram quase 9%, para R$ 17,1 bilhões, foi outro indicativo de que a Caixa está se recuperando bem dos desafios econômicos.
Estrutura de funding
Outro ponto importante foi a estrutura de funding da Caixa, com R$ 1,7 trilhões em fontes de recursos. A maior parte disso veio de empréstimos e repasses, com destaque para os R$ 480 bilhões do FGTS.
O banco também se beneficiou de um custo de funding mais baixo, devido à queda da Selic média, o que impactou positivamente os custos com o passivo pós-fixado.
Esse controle de custos e captação de recursos ajudou a Caixa a manter sua estabilidade financeira, com um índice de Baseléia praticamente estável, de 16,7% para 16,6%.