Em uma recente aparição no programa “60 Minutes” da CBS, o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, voltou a criticar o Bitcoin, rotulando-o como um “esquema de Ponzi” e o descrevendo como “tão inútil quanto uma pedra de estimação”. Sua crítica se concentrou na percepção de que o Bitcoin carece de valor intrínseco e está frequentemente associado a atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro e ransomware.
Contradições são evidentes não apenas em suas palavras, mas também em suas ações. Dimon afirmou que demitiria “em um segundo” qualquer funcionário do JPMorgan que fosse pego negociando Bitcoin, especialmente quando a criptomoeda estava avaliada em cerca de US$ 4.000. No entanto, suas visões em evolução refletem um relacionamento complicado com o mundo das criptomoedas.
Embora Dimon mantenha uma perspectiva crítica em relação ao Bitcoin, o JPMorgan Chase adotou uma abordagem mais sutil. O banco tem explorado cautelosamente a tecnologia blockchain e oferece produtos relacionados ao Bitcoin para clientes selecionados, uma aparente contradição que não passou despercebida.
John Deaton, fundador do CryptoLawsUS, criticou Dimon, destacando a disparidade entre suas declarações públicas e as ações do banco. “Como de costume, Jamie Dimon diz uma coisa enquanto seu banco faz outra”, comentou Deaton. Ele ressaltou que o JPMorgan esteve envolvido com Bitcoin e criptomoedas desde o início e que menos de 1% das transações de Bitcoin estão ligadas a atividades ilícitas.
Deaton também lembrou ao público os próprios problemas regulatórios do JPMorgan, citando mais de US$ 40 bilhões em multas que o banco acumulou por várias infrações. Para aumentar a ironia, o JPMorgan possui 387 ações do ETF baseado em Bitcoin da BlackRock (IBIT) e 775 ações do Grayscale Bitcoin Trust.
MicroStrategy acaba de confirmar a compra de mais US$ 243 mi em Bitcoin
Indo na contramão dessa ideia, a MicroStrategy Inc., uma empresa de software corporativo transformada em proxy alavancada de Bitcoin, comprou US$ 243 milhões em Bitcoin, marcando a décima compra semanal consecutiva. Com sede em Tysons Corner, Virginia, a empresa agora possui mais de 2% de todo o Bitcoin que existirá, seguindo a estratégia de compra e retenção iniciada pelo cofundador e presidente Michael Saylor em 2020.
De acordo com um registro enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) nesta segunda-feira, a MicroStrategy adquiriu 2.530 tokens de Bitcoin a um preço médio de aproximadamente US$ 95.972 entre 6 e 12 de janeiro. Essa compra foi realizada em um ritmo que desacelerou nas semanas anteriores, mas a empresa continua firme em sua estratégia de investimento em Bitcoin.
A chamada “empresa tesoureira de Bitcoin” planeja levantar US$ 42 bilhões em capital até 2027 por meio de vendas de ações no mercado e ofertas de dívidas conversíveis para adquirir mais Bitcoin. A MicroStrategy já superou dois terços de suas metas de capitalização em menos de três meses após anunciar seus planos, podendo comprar mais US$ 6,5 bilhões em Bitcoin com os recursos das vendas de ações, sob o plano atual.
Os fundos de hedge têm sido impulsionadores de parte dessa demanda, buscando a MicroStrategy para estratégias de arbitragem conversível, adquirindo os títulos e vendendo as ações a descoberto, apostando essencialmente na volatilidade das ações subjacentes.
Votação e Projeções de Aumento de Capital
A empresa também espera avançar suas ofertas de capital, com uma votação de acionistas marcada para 21 de janeiro para decidir sobre o aumento do número de ações autorizadas de sua Classe A de 330 milhões para 10,3 bilhões. Além disso, a MicroStrategy planeja levantar US$ 2 bilhões por meio de ofertas de ações preferenciais perpétuas, que teriam prioridade sobre suas ações de Classe A.
As ações da MicroStrategy estão em alta de 13% neste ano, fechando a US$ 327,91 na sexta-feira, embora ainda estejam abaixo de seu recorde histórico de cerca de US$ 474 em novembro. O Bitcoin, após um rally de 120% em 2024, caiu cerca de 3% até o momento no ano corrente.