O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, ontem (29), elevar a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano. A decisão, unânime entre os nove membros do comitê, foi a primeira sob o comando do novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, e já enfrenta resistência do setor industrial, que alerta para os impactos negativos na economia.
A Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) criticou a medida, afirmando que ela pode agravar a desaceleração econômica, prejudicando a geração de empregos, a renda das famílias e a arrecadação do governo. Já a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) destacou que o aumento da Selic intensificará o processo de desaceleração da indústria nacional. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi ainda mais enfática, classificando o aumento como “injustificado” e acusando o BC de não considerar os efeitos dos juros e da taxa de câmbio sobre a inflação.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que “o Banco Central continua ponderando equivocadamente os fatos econômicos mais relevantes do cenário atual, principalmente no que diz respeito ao quadro fiscal e à desaceleração da atividade do país”. Ele defendeu a criação de um “pacto nacional” envolvendo todos os Poderes, empresários e trabalhadores, com foco em metas fiscais e políticas econômicas estruturantes.
A Selic é o principal instrumento de controle da inflação, que em 2024 ultrapassou o teto da meta e caminha para novo descumprimento em 2025. O BC já sinalizou que deve promover mais um aumento de 1 ponto percentual na próxima reunião, em março. Projeções do mercado financeiro, baseadas no relatório Focus, indicam que a Selic pode chegar a 15% ao ano até o fim de 2025, mantendo-se em patamares elevados durante o governo Lula e a gestão de Galípolo no BC.
A CNI também destacou que a decisão do Copom não considerou os efeitos do pacote fiscal aprovado recentemente, que deve ser ampliado ainda este ano, nem a desaceleração do impulso fiscal observada desde o segundo semestre de 2024. Para a entidade, a política monetária atual pode comprometer os investimentos e o equilíbrio das contas públicas, além de dificultar o combate à inflação.
Com a alta da Selic, o custo do crédito deve aumentar, impactando tanto o setor produtivo quanto o consumo das famílias.