- A Argentina registrou um superávit financeiro de 1,8% do PIB em 2024, o primeiro desde 2010
- A dívida flutuante foi reduzida em 52%, e as finanças das empresas públicas foram consolidadas
- Apesar do superávit, a Argentina ainda enfrenta déficits fiscais e desafios com o pagamento de juros da dívida
A Argentina alcançou, em 2024, um superávit financeiro de 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Dessa forma, marcando o primeiro superávit desde 2010 e o melhor desempenho fiscal do país em 16 anos.
O Ministério da Economia argentino divulgou a informação na última sexta-feira (17) e destacou o resultado como um marco histórico nas finanças públicas do país.
Luis Caputo comemorou nas redes sociais, destacando que o superávit foi alcançado ao cumprir rigorosamente as obrigações financeiras do Setor Público Nacional.
“O resultado fiscal hoje divulgado deve ser entendido como um marco na nossa história”, afirmou Caputo em sua publicação na plataforma X.
Este superávit não só representa uma virada positiva para as finanças argentinas, como também surge em um contexto de austeridade fiscal.
A redução do gasto público foi uma das principais estratégias adotadas para alcançar o resultado, que, apesar de positivo, ocorre em um cenário de contenção de despesas e ajustes fiscais significativos.
Segundo o Ministério da Economia, a dívida flutuante do país foi mantida em níveis similares ao final de 2023. Mas, com uma redução real de 52%, o que indica um controle mais eficiente sobre as dívidas em relação à inflação.
Medidas de austeridade e controle das finanças
Entre as ações destacadas pelo governo, a racionalização dos gastos da Administração Nacional foi um dos principais fatores para o sucesso do superávit. Além disso, o governo argentino conseguiu consolidar as finanças das empresas públicas, registrando o primeiro mês de excedente operacional desde 2009.
O governo dissolveu 19 fundos fiduciários, uma medida que ajudou a tornar mais eficiente a utilização dos recursos públicos.
O saldo positivo, entretanto, foi acompanhado de desafios ainda presentes nas contas públicas. O governo registrou um déficit fiscal primário de 1,3 trilhão de pesos e um déficit financeiro de 1,56 trilhão de pesos em dezembro de 2024.
No entanto, Caputo argumentou que o mês de dezembro costuma ser um período de altos gastos governamentais. Dessa forma, o que justifica o déficit registrado no último mês do ano.
O ministro também destacou que, comparado a dezembro de 2023, o déficit financeiro em dezembro de 2024 apresentou uma queda considerável. Tanto em termos nominais, quanto ajustados pela inflação.
“A redução do déficit de dezembro foi de 70% em comparação com dezembro do ano anterior”, explicou Caputo, demonstrando um claro esforço para controlar os gastos públicos.
Dificuldades fiscais ainda persistem
Apesar do superávit registrado no ano, a Argentina ainda enfrenta desafios fiscais consideráveis, especialmente em relação ao pagamento da dívida pública. O governo precisou realizar um pagamento líquido de juros, o que impactou negativamente as contas no último mês de 2024.
A dívida pública, que tem sido um dos maiores problemas fiscais do país nos últimos anos, continua sendo um tema central nas discussões sobre o futuro econômico da Argentina.
O governo argentino, porém, parece otimista quanto à sustentabilidade das medidas implementadas até agora.
A redução do déficit em relação ao ano passado e o superávit obtido indicam que o país está no caminho certo para recuperar o equilíbrio fiscal. Mesmo que os desafios sejam muitos e o cenário global ainda seja incerto.
Em suma, o superávit de 1,8% do PIB registrado pela Argentina em 2024 representa uma grande conquista para o país. Especialmente, após anos de instabilidade fiscal. A chave para esse resultado foi a combinação de medidas de austeridade, controle de gastos e reformas nas empresas públicas.
No entanto, o governo argentino ainda enfrenta a árdua tarefa de equilibrar suas finanças. E, assim, continuar gerenciando a pesada dívida pública, um dos principais obstáculos para a recuperação econômica sustentável do país.