Opinião

Com Pochmann, Lula "jogou o IBGE na fogueira", diz Estadão

Governo Lula é responsável por turbulência no principal instituto de dados do país, aponta editorial

Com Pochmann, Lula "jogou o IBGE na fogueira", diz Estadão

A crise no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), principal provedor de dados econômicos e sociais do Brasil, atinge níveis alarmantes, com demissões em massa, denúncias de gestão autoritária e perda de credibilidade. O editorial do jornal O Estado de São Paulo atribui a responsabilidade direta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nomeou o economista Marcio Pochmann para presidir o órgão. Pochmann, conhecido por sua lealdade ao Partido dos Trabalhadores (PT) e a Lula, é apontado como o principal agente da atual turbulência.

Nas últimas semanas, quatro diretores do IBGE, todos servidores de carreira, pediram exoneração, citando divergências irreconciliáveis com Pochmann. A crise se agravou quando 136 servidores, entre gerentes e coordenadores, publicaram uma carta aberta em apoio aos exonerados, denunciando o “viés autoritário, político e midiático” da atual gestão. O documento já conta com mais de 670 assinaturas. Em resposta, Pochmann ameaçou recorrer à Justiça para impedir a “disseminação de inverdades” e acusou servidores de manterem “consultorias privadas instaladas ilicitamente dentro do IBGE”.

A situação não é nova na trajetória de Pochmann. Durante sua passagem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nos governos Lula e Dilma Rousseff, ele foi criticado por uma gestão tendenciosa que resultou na saída de pesquisadores. Agora, no IBGE, o cenário se repete, com o agravante de que a credibilidade do instituto está em jogo. Economistas de diferentes matizes e o próprio corpo técnico do IBGE manifestaram desconfiança em relação à sua liderança.

A defesa de Pochmann ficou a cargo da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que classificou a campanha contra ele como “evidentemente política e partidária”. No entanto, a crise no IBGE vai além de disputas ideológicas. A credibilidade do instituto depende de seu distanciamento da política e de sua capacidade de produzir dados confiáveis. Quanto mais o IBGE parecer alinhado ao governo, menor será a confiança dos agentes econômicos e da população em geral. Um exemplo é a desconfiança em relação ao índice oficial de inflação, que muitos brasileiros consideram subestimado frente à percepção subjetiva do aumento de preços.

O governo Lula, no entanto, parece ignorar a gravidade da situação. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, cuja pasta é responsável pelo IBGE, mantém distância do problema, afirmando que acompanha os desdobramentos, mas respeita a autonomia do órgão. Enquanto isso, a crise se aprofunda, e a permanência de Pochmann no comando do IBGE pode custar caro ao país, tanto em termos de credibilidade quanto de eficiência na produção de dados essenciais para a tomada de decisões econômicas e sociais.

O editorial conclui que, sem uma mudança imediata na liderança do IBGE, a crise continuará a se agravar, com impactos negativos para o Brasil. A solução, segundo o jornal, passa pela demissão de Pochmann e pela nomeação de um profissional técnico e imparcial para restaurar a confiança no instituto.

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