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Crédito total deve recuar em janeiro, seguindo tendência sazonal, mas carteira destinada às famílias segue em expansão

Foto/Reprodução GDI
Foto/Reprodução GDI

Seguindo tendência típica desse período do ano, a carteira de crédito em janeiro deverá registrar recuo de 0,8% em relação a dezembro, após 11 meses seguidos de expansão. O resultado reflete a retração na busca de recursos pelas empresas, principalmente por recursos livres. Em janeiro de 2022, o crédito se manteve estável, com variação de 0%.

Apesar desse resultado, o ritmo de expansão anual da carteira se mantém acima de dois dígitos, alcança 13,1%, pouco abaixo dos 14% verificados em dezembro.

A Pesquisa Especial de Crédito da Febraban, divulgada mensalmente como prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central, aponta que o recuo do mês deve ser liderado pela carteira de pessoas jurídicas (PJ), que apresenta retração de 3,3%. As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país.

O maior impacto deve vir da carteira livre (queda de 3,9%), afetada pela sazonalidade negativa das linhas de fluxo de caixa (desconto de duplicatas e antecipação de faturas), diante do menor movimento do comércio no início do ano. Já a carteira direcionada deve recuar 2,1%, com o resultado também afetado por questões sazonais, especialmente nas operações de crédito rural e do BNDES.

Por outro lado, os recursos destinados às famílias mantêm tendência de expansão dos últimos meses e devem crescer 0,9% no mês. O melhor resultado deve vir da carteira livre (crescimento de 1%), impulsionada pelas linhas de crédito pessoal e rotativas. Tais linhas são normalmente mais acionadas nesta época do ano e são compensadas, em parte, pela acomodação do consumo após os eventos de fim de ano. Já a carteira direcionada deve manter-se em expansão, com alta esperada de 0,7% para o mês.

“Depois de três anos seguidos de expressivo crescimento na concessão de crédito para as famílias e empresas, o ritmo de expansão anual da carteira deve seguir perdendo ímpeto, refletindo o arrefecimento da atividade e condições financeiras mais restritivas”, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban. “A menor expansão do crédito em 2023 deve-se a um cenário externo menos favorável, com inflação ainda elevada, juros altos e atividade econômica em desaceleração.”

Também impactada por fatores sazonais negativos e do cenário de piora das condições econômicas, as concessões devem também apresentar em janeiro retração mensal de 11,7%. Na visão acumulada em 12 meses, o volume de concessões segue robusto, com expansão de 19,2%, embora mantendo a tendência de acomodação vista nos últimos meses. Em dezembro de 2022, ela estava em 20,4%.

As concessões com recursos livres devem retrair em 9,7%, afetada pelas questões sazonais das linhas ligadas ao comércio. A comparação ante o mês anterior é impactada pelo elevado volume de concessões em dezembro, beneficiada na ocasião pelas compras de Natal e eventos de fim de ano.

Já as concessões direcionadas devem apresentar retração de 25,7%, também afetadas pelo menor volume de desembolsos relacionados aos programas públicos de crédito.

 O Banco Central divulgará a Nota de Política Monetária e Operações de Crédito em 27 de fevereiro.

A Pesquisa Especial de Crédito pode ser acessada neste link.