A primeira reunião do Conselho de Administração da Petrobras em 2025 terá como foco principal a avaliação da política de preços dos combustíveis, em meio a pressões de investidores privados por um reajuste que aproxime os valores praticados pela estatal dos preços internacionais. Dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) revelam que o diesel está defasado em 16% em relação ao mercado externo, enquanto a gasolina apresenta uma defasagem de 8%.
A Petrobras não reajusta o preço do diesel há 399 dias, e a janela para importação do combustível está fechada há 91 dias. Segundo cálculos da Abicom, para atingir a paridade com os preços internacionais, a estatal poderia aumentar o diesel em R$ 0,55 por litro e a gasolina em R$ 0,24 por litro. No entanto, fontes próximas ao conselho indicam que a gasolina deve ficar de fora do reajuste, com foco apenas no diesel.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, sinalizou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião no Palácio do Planalto, que a companhia estuda um reajuste limitado ao diesel. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Magda afirmou que os preços não estão congelados e que a estratégia da empresa tem sido bem-sucedida.
“Não estamos congelando nada. Estamos absolutamente dentro da nossa estratégia, a qual não posso contar. Se dissesse, estaria lesando o meu acionista”.
declarou.
Apesar das pressões, a diretoria da Petrobras sustenta que a política de preços atual, implantada em maio de 2023, mantém uma margem positiva de ganho para a empresa. Um relatório técnico apresentado ao conselho reforça que os preços estão aderentes à política vigente, mas a avaliação não foi unânime. Enquanto representantes de investidores privados defendem a correção imediata, a maioria dos conselheiros ligados ao governo apoia a manutenção da estratégia atual.
A queda recente na defasagem do diesel é influenciada pela desvalorização do dólar, que fechou a R$ 5,89 na terça-feira, e pela redução no preço do barril de petróleo, cotado a US$ 75,98 nesta quarta. Além disso, a expectativa é que os combustíveis tenham um aumento em fevereiro devido ao reajuste do ICMS, o que reduz a urgência por mudanças imediatas.
Fontes internas indicam que um reajuste significativo só deve ocorrer a partir de março, quando a demanda por diesel tradicionalmente se recupera. Enquanto isso, a Petrobras busca evitar perdas de mercado para combustíveis mais baratos, como os importados da Rússia.