Nas últimas semanas, o dólar tem caído e batido recordes. Na última sexta (25), chegou a bater R$ 4,74, menor valor desde março de 2020. Mas o que tem feito a moeda cair? É um bom momento para compra?
Para Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, o dólar vem caindo bastante devido ao diferencial de juros no Brasil em relação ao exterior.
“O Brasil acelerou a alta de juros antes do mercado internacional. Isso vem criando oportunidades para o investidor estrangeiro colocar dinheiro no Brasil e garantir ganhos na renda fixa” explica.
João Beck, economista e sócio da BRA, a baixa do dólar é um movimento que já vinha ocorrendo antes da guerra da Ucrânia. O fluxo de recursos das potências econômicas que antes investiam em China começou a buscar os países da América Latina, em especial o Brasil.
“Agora com as sanções russas, novas entradas de recursos ocorreram e mais ainda são esperadas. O país teve melhoras na sua condição fiscal e surfa a alta recente das commodities que se acentuou depois dos conflitos. Além disso, conta com uma das maiores taxa de juros globais entre economias maduras“, diz.
Ainda segundo Beck, a taxa de câmbio (dólar) de equilíbrio no Brasil é por volta de R$ 4,50.
“O câmbio trabalhou em patamares bem acima disso com algum receio eleitoral e fiscal. Conforme esses riscos sejam mitigados, é esperado que a cotação busque esses níveis novamente“.
Rafael Marques, CEO da Philos Invest, acredita que, além de o dólar estar caindo por conta do real estar se valorizando frente à moeda, outro fator que colabora nesse cenário é a valorização das commodities.
“O Brasil é um dos maiores produtores de commodities agrícolas e pecuária. O real se beneficia da seguinte forma. Por exemplo, se soja e milho se valorizam em dólar, como Brasil vende commodities por preço mais alto e recebe mais dólares por isso, a reserva em dólares fica maior e o real se valoriza contra o dólar”, explica.
Em meio a esse momento de queda, as compras de euro também aumentaram. As compras tanto da moeda europeia como do dólar em espécie bateram recorde em fevereiro por clientes do Itaú.
O montante transacionado da moeda norte-americana foi quase 13 vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.
“O Euro cai ao menor nível em quase dois anos, com os reflexos da guerra na Ucrânia atuando sobre as expectativas dos investidores. O temor de escassez energética, devido às sanções ao petróleo e gás da Rússia, pode ameaçar a recuperação econômica do continente”, explica Alexsandro Nishimura, economista, head de conteúdo e sócio da BRA.