O dólar à vista (USDBRL) registrou mais uma desvalorização nesta quinta-feira (23), com a moeda norte-americana fechando o dia cotada a R$ 5,9255, uma queda de 0,35%. A mínima intradia foi de R$ 5,8745, uma desvalorização de 1,21%. A flutuação do câmbio seguiu a tendência de enfraquecimento da moeda dos Estados Unidos, observada desde a posse do presidente Donald Trump.
No cenário externo, o dólar continuou a perder terreno frente a uma cesta de seis divisas globais, com o índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a essas moedas, recuando 0,12%, aos 108,052 pontos.
Governo Brasileiro e preocupações com as contas públicas
Em território nacional, a desvalorização do dólar foi limitada pela notícia de que o governo federal estaria avaliando a implementação de um programa para fornecimento de alimentos com custo reduzido por meio de uma rede popular de abastecimento. Embora a medida tenha como objetivo combater a inflação e aumentar a popularidade do governo, ela reacendeu as preocupações dos investidores sobre as finanças públicas, particularmente no que diz respeito à trajetória da dívida do país.
Analistas temem que a implementação de programas de subsídios e de aumento de gastos públicos possa pressionar ainda mais o já desafiador quadro fiscal do Brasil. A medida gerou uma reação imediata nos mercados, com um aumento nos rendimentos dos títulos da dívida pública e uma volatilidade maior no câmbio.
Trump e o impacto internacional
No cenário internacional, o foco dos investidores permanece nas ações do governo de Donald Trump, cujas promessas e primeiras ações após sua posse têm afetado o valor do dólar. Desde a última segunda-feira (20), quando Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos, a moeda norte-americana acumulou uma desvalorização de mais de 2% frente ao real.
Em seu discurso no Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça, Trump reafirmou suas intenções de aumentar a arrecadação do Tesouro dos Estados Unidos por meio da imposição de tarifas de importação sobre vários países. Segundo ele, a medida levará “bilhões de dólares, e até trilhões”, ao erário, embora não tenha especificado quais produtos ou países serão afetados.
Trump também voltou a afirmar que busca uma relação “justa” com a China. No entanto, as perspectivas de aumento de tarifas sobre produtos importados do México e do Canadá também geraram instabilidade, com uma previsão de tarifa de 25% sobre esses produtos, a ser implementada a partir de 1º de fevereiro.
Efeitos no mercado de câmbio
A combinação de declarações de Trump e a avaliação do programa de auxílio brasileiro resultou em um cenário de volatilidade para o mercado de câmbio. O movimento do dólar é refletido em uma tendência global de enfraquecimento da moeda americana, com o desempenho do real contra o dólar tendo flutuado em resposta a incertezas fiscais internas e à política externa dos Estados Unidos.
Com as novas medidas do governo brasileiro sendo avaliadas e as expectativas em relação à política internacional de Trump, o cenário para o câmbio permanece volátil.