Em sua primeira participação em um evento internacional como presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo buscou dissipar equívocos sobre o Drex, a futura moeda digital brasileira. Durante um evento promovido pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS) na Cidade do México, Galípolo enfatizou que o Drex não é um criptoativo, mas sim uma plataforma digital de infraestrutura financeira.
Galípolo, que assumiu a presidência do BC em 1º de janeiro, esclareceu que o Drex não se enquadra na definição tradicional de moeda digital de banco central (CBDC).
“O Drex não é uma moeda digital de banco central, mas uma rede de registro distribuído, com tokenização de depósitos e ativos em uma estrutura de contratos inteligentes”, afirmou.
Essa distinção é crucial para entender o propósito do Drex. Ele não será utilizado como moeda corrente para pagamentos do dia a dia, refutando as preocupações de que o projeto pudesse ser usado para controle excessivo sobre as transações financeiras dos cidadãos.
Infraestrutura Pública para Eficiência Financeira
O presidente do BC destacou que o Drex é concebido como uma “infraestrutura pública que visa melhorar a eficiência do sistema financeiro com o uso de ativos colateralizados”. Em outras palavras, o Drex servirá como uma base tecnológica para aprimorar as operações financeiras, utilizando a tecnologia de registro distribuído (DLT) e a tokenização de ativos.
Antes de assumir a presidência do BC, Galípolo já havia apontado o potencial do Drex para “produzir uma revolução no crédito, viabilizando a redução dos spreads”. O spread bancário, a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa de juros cobrada dos clientes, é um dos fatores que contribuem para o alto custo do crédito no Brasil.
Segundo Galípolo, a automação proporcionada pelo Drex facilitará a concessão de empréstimos com garantias, reduzindo o risco e, consequentemente, o custo do crédito para o consumidor final. Isso seria especialmente relevante em operações de maior risco, como o crédito rotativo dos cartões, onde as taxas de juros são tradicionalmente elevadas.
Galípolo também abordou o rápido crescimento do mercado de criptomoedas no Brasil nos últimos anos. Ele associou esse fenômeno, em grande parte, à busca por dolarização do patrimônio e a formas de evitar a tributação sobre produtos comprados no exterior, e não tanto ao interesse em investimentos financeiros alternativos.
O presidente do BC mencionou que as stablecoins, criptomoedas lastreadas em moedas fiduciárias como o dólar, representam mais de 90% do volume movimentado no país, segundo dados do próprio BC. “Assumimos que provavelmente é um jeito mais fácil de ter uma conta em dólares”, afirmou.
“O Drex não é uma moeda digital de banco central, mas uma rede de registro distribuído, com tokenização de depósitos e ativos em uma estrutura de contratos inteligentes”, afirmou.
Deputada Julia Zanatta pede plebiscito sobre o Drex
A deputada federal Julia Zanatta (PL-SC) criticou a falta de consulta popular sobre a emissão do Drex, a moeda digital brasileira emitida pelo Banco Central. Em uma live promovida pelo Livecoins, Zanatta argumentou que a população não foi ouvida sobre o tema e anunciou que irá protocolar um pedido de plebiscito para debater a implementação do Drex.
Para a deputada, o Drex deveria ser uma opção, não uma obrigação. Ela expressou preocupações sobre o controle estatal da moeda digital, argumentando que o Banco Central, como controlador do ecossistema, poderia restringir a liberdade das pessoas e impor um controle social excessivo.
“Os riscos são mais controle social nas nossas vidas, falta de privacidade, facilidade para tributar toda a sua vida sem opção, perseguição política e o de pessoas que não sabem manipular a tecnologia, incorrer em erros financeiros graves. O Drex deve ser uma opção para os brasileiros, não uma obrigação”, afirmou Zanatta, listando os potenciais perigos da moeda digital.
Ao contrário do Pix, que facilitou as transações financeiras, a deputada acredita que o Drex irá apenas complicar a vida dos brasileiros. Ela defende que o Congresso deveria autorizar a emissão da moeda, em vez de deixar a decisão exclusivamente nas mãos do Banco Central. Atualmente, já existe um projeto de lei na Câmara dos Deputados que prevê a autorização da emissão do Drex pelo BC.