- O programa de descontos canadense iZEV, que oferecia até US$ 5 mil, acabou antes do previsto, comprometendo as metas de eletrificação do país
- Montadoras como Honda e GM oferecem incentivos temporários para compensar a falta de subsídios governamentais
- A falta de incentivos pode retardar a adoção de carros elétricos e dificultar a transição energética no Canadá
O carro elétrico tem conquistado cada vez mais espaço no mercado global, impulsionado principalmente por incentivos fiscais e descontos oferecidos por governos para estimular a transição para veículos mais sustentáveis.
No entanto, esses programas têm mostrado limitações orçamentárias e, em alguns casos, têm se esgotado antes do previsto. No Canadá, o programa iZEV (Incentive for Zero-Emission Vehicles), que oferecia até US$ 5 mil de desconto (aproximadamente R$ 24 mil) na compra ou leasing de carros elétricos (EVs), esgotou seus fundos dois meses antes do prazo, provocando um impacto imediato no setor.
Cenário incerto
A interrupção abrupta do programa cria um cenário incerto para as montadoras e consumidores, uma vez que o governo canadense não tem planos de renová-lo. O iZEV deveria durar até 31 de março de 2024, mas os recursos se esgotaram antes.
Em 2024, o programa distribuiu mais de US$ 927 milhões (cerca de R$ 5,4 bilhões) para a compra de 191 mil EVs. Apesar do fim do incentivo federal, algumas províncias, como Quebec, ainda oferecem subsídios. Mas, o estado suspendeu seu programa de 1º de fevereiro a 31 de março, gerando incertezas sobre a continuidade dos incentivos regionais.
Esses incentivos eram fundamentais para viabilizar a compra de carros elétricos, tornando-os mais acessíveis a uma parte significativa da população.
O governo do Canadá tem ambiciosas metas de eletrificação, que incluem 20% de vendas de carros elétricos até 2026 e 100% até 2035.
Com o fim do iZEV, os especialistas temem que essas metas fiquem mais difíceis de serem atingidas. Uma vez que a falta de subsídios pode tornar os carros elétricos mais caros para os consumidores e frear a adesão a esses modelos.
Impactos e descontos
Para minimizar o impacto da suspensão dos incentivos, algumas montadoras já começaram a oferecer descontos temporários, imitando os programas do governo. Empresas como Honda, GM, Hyundai, Mazda e Nissan anunciaram incentivos similares ao iZEV em modelos selecionados.
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No entanto, o CEO da Mazda Canada criticou o governo federal por não cumprir a promessa de apoiar a eletrificação de maneira mais robusta, deixando as fabricantes assumirem a responsabilidade de incentivar a transição para veículos elétricos. As montadoras Toyota e Stellantis ainda não confirmaram participação nesse tipo de oferta.
Além disso, especialistas alertam que o fim dos incentivos pode desacelerar a adoção de carros elétricos no país, dificultando o cumprimento das metas de eletrificação e tornando o acesso a esses veículos mais difícil para muitos consumidores.
Sem os subsídios, os preços dos carros elétricos podem afastar os compradores em potencial, prejudicando a transição energética do país. Para agravar a situação, a infraestrutura de carregamento também enfrenta desafios, com a necessidade de mais investimentos para suportar o crescimento da frota elétrica.
A falta de postos de recarga acessíveis e eficientes pode se tornar um obstáculo ainda maior para aqueles que consideram a compra de um carro elétrico.
Crédito fiscal
Nos Estados Unidos, uma situação semelhante pode ocorrer com o crédito fiscal para EVs. O governo oferece até US$ 7.500 para a compra de veículos elétricos novos e US$ 4.000 para usados, mas uma revisão do código tributário pode eliminar esses subsídios, afetando ainda mais a acessibilidade aos carros elétricos.
Além disso, o governo de Donald Trump interrompeu recentemente o repasse de fundos para a infraestrutura de carregamento, o que pode afetar o crescimento do mercado de EVs no país, onde a transição energética ainda enfrenta desafios semelhantes aos do Canadá.
O fim dos incentivos fiscais e a interrupção dos programas de descontos, tanto no Canadá quanto nos Estados Unidos, podem desacelerar a transição para veículos mais limpos e ecológicos, comprometendo o progresso das metas ambientais e dificultando a sustentabilidade no setor de transporte.
O mercado de carros elétricos depende de investimentos contínuos em subsídios, infraestrutura e políticas públicas para garantir que a eletrificação não seja apenas uma tendência passageira, mas uma solução eficaz para a redução das emissões de gases de efeito estufa e a preservação do meio ambiente.
