Acúmulo de dívidas

Editora da revista IstoÉ dá calote em credores e tem falência decretada

A editora responsável por revistas, como IstoÉ, não conseguiu cumprir os compromissos financeiros e acumula dívidas de R$ 828 milhões.

Prédio da Editora Três
  • A Justiça decretou a falência da Editora Três, que acumulava R$ 828 milhões em dívidas e não cumpriu seu plano de recuperação judicial
  • Com débitos tributários e trabalhistas, a editora fracassou em dois processos de recuperação e vendeu ativos, como seu portal digital, para tentar reverter a crise
  • Funcionários enfrentaram salários atrasados e falta de benefícios
  • O sindicato promete apoio jurídico para garantir os pagamentos devidos no processo de falência

A Justiça de São Paulo decretou a falência da Editora Três, uma das editoras mais tradicionais do Brasil, responsável por publicações de grande circulação, como as revistas IstoÉ e IstoÉ Dinheiro.

A decisão foi proferida pela 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do estado, que considerou impossível a continuidade do processo de recuperação financeira da empresa. Assim, dada a incapacidade da editora de honrar os compromissos estabelecidos no plano de recuperação judicial.

Descumprimento do plano de Recuperação Judicial

O juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, responsável pela decisão, explicou que a Editora Três não conseguiu cumprir as condições acordadas no processo de recuperação, o que resultou na falência.

Entre os descumprimentos, destaca-se o não pagamento de salários e benefícios de funcionários e ex-funcionários. Além do não cumprimento dos pagamentos de impostos e tributos conforme o combinado.

O não pagamento de remunerações de empregados também contribuiu para a situação financeira insustentável da empresa. Com o cenário de inadimplência, a Justiça determinou a falência e nomeou a RV3 Consultores Ltda., representada por Ronaldo Vasconcelos, como administradora judicial do processo.

Dívidas e histórico

A Editora Três acumula uma dívida ativa de R$ 828 milhões. Sendo R$ 820 milhões em débitos tributários, R$ 7 milhões em multas trabalhistas, R$ 451 mil em multas eleitorais. E, ainda, outros R$ 188 mil em débitos não tributários.

A empresa já havia passado por dois processos de recuperação judicial, o primeiro iniciado em 2007 e o segundo em 2020. Mas, nenhum dos processos conseguiu reverter a crise financeira que culminou na falência.

Em um dos processos de recuperação, a editora teve que leiloar o galpão que abrigava sua gráfica em Cajamar, no estado de São Paulo. Assim, acumulando uma dívida de R$ 264 milhões.

Em 2022, o portal digital da editora foi adquirido pelo empresário Antonio Freixo Júnior, por R$ 15 milhões, após um leilão. A compra garantiu a propriedade dos veículos digitais da Editora Três. Dessa forma, o que levou à suspensão das edições impressas das revistas, que agora operam exclusivamente no meio digital.

Impactos para os funcionários

O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) divulgou uma nota criticando a situação dos profissionais da Editora Três, que enfrentaram condições de trabalho difíceis nos últimos meses.

De acordo com o sindicato, a maioria dos jornalistas estava contratada como prestadora de serviços, no regime PJ, o que não dava acesso a benefícios trabalhistas como FGTS, 13º salário e férias remuneradas.

Além disso, muitos não receberam salários em dia, o que levou os profissionais a entrarem em greve por quase um mês.

A nota do sindicato informou que seu departamento jurídico prestará assistência aos jornalistas da Editora Três durante o processo de falência, com o objetivo de garantir o pagamento das verbas trabalhistas devidas aos profissionais.

O futuro da Editora Três

Com a falência decretada, a Editora Três enfrentará um futuro incerto. Apesar da transformação digital e da venda de seu portal, o fechamento da versão impressa de suas publicações representa um marco no declínio da editora.

Enquanto o mercado de mídia digital continua a crescer, a situação da Editora Três reflete as dificuldades que muitas empresas de comunicação enfrentam, especialmente aquelas que dependem da impressão de revistas e jornais, em um momento em que a migração para o meio digital se torna cada vez mais essencial.

Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ
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