- A primeira-dama mantém uma equipe informal que custa R$ 160 mil mensais, com gastos totais de viagens ultrapassando R$ 1,2 milhão
- Entre os membros da equipe estão Neudicléia Neres e Bruna Alfaia, além de um fotógrafo e 8 policiais federais
- O site que contabiliza os gastos de Janja já registrou R$ 63 milhões, gerando polêmica e levando a primeira-dama a bloquear o deputado responsável
- O evento promovido por Janja durante o G20 custou 15 milhões de reais, gerando críticas sobre o uso de recursos públicos
A primeira-dama Janja da Silva tem se tornado figura central nos debates sobre gastos públicos durante o governo de seu marido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Depois dos escândalos envolvendo o famoso “Janjapalooza” e o “Janjômetro”, novas informações trouxeram à tona os custos de sua equipe informal. Composta por uma série de assessores, especialistas em redes sociais, fotógrafos e até mesmo um militar, o “Time Janja” tem causado controvérsia ao acumular custos. Que, segundo levantamento do Estadão, chegam a cifras impressionantes.
Desde o início de 2023, a equipe da primeira-dama, que ultrapassa 12 integrantes, tem gerado um custo mensal de aproximadamente R$ 160 mil. Entre salários e despesas de viagens, o valor total já superou a marca de R$ 1,2 milhão.
E a composição desse time levanta questões sobre o caráter formal ou informal das atividades desempenhadas por Janja.
A estrutura do “Time Janja”
De acordo com informações divulgadas, a equipe de Janja é formada por profissionais ligados diretamente ao Gabinete Pessoal do Presidente da República e à Secretaria de Comunicação (Secom).
Entre os nomes mais influentes, estão Neudicléia Neres de Oliveira, assessora especial do Gabinete Pessoal de Lula. E, Bruna Rosa Alfaia, chefe da Secretaria de Estratégia e Redes da Secom. Juntas, as duas têm gerido a agenda e as ações de Janja. E, assim, incluindo sua presença em eventos e sua atuação nas redes sociais, área que é particularmente valorizada dentro do governo atual.
Neudicléia exerce a função de chefe de gabinete de Janja, enquanto Bruna é a responsável pela estratégia digital da primeira-dama, uma área de grande visibilidade no governo Lula. Em viagens, os gastos com essas duas profissionais já ultrapassaram R$ 110 mil, como revelado pelos dados coletados.
Outro nome que se destaca entre os integrantes da equipe é Claudio Adão dos Santos Souza, conhecido como “Claudinho”, fotógrafo particular de Janja, que tem acompanhado a primeira-dama em diversas viagens oficiais e eventos.
As despesas com seus serviços ultrapassaram R$ 182 mil. Janja também conta com assessores especializados em mídias sociais, um gerente de projetos, e até um ajudante de ordens. Além de contar com a proteção de oito policiais federais em suas viagens.
Embora a Secretaria de Comunicação da Presidência tenha se manifestado, afirmando que todos os servidores envolvidos cumprem as funções estabelecidas pela Lei nº 14.600/2023, a situação levanta um debate sobre a necessidade e a legitimidade de uma equipe tão extensa. Dessa forma, considerando o momento econômico delicado que o país atravessa.
O “Janjômetro” e as controvérsias
O aumento dos gastos de Janja, especialmente com sua equipe e viagens, gerou uma série de críticas. Um dos projetos que visou comentar esses custos foi o “Janjômetro”. Criado pelo deputado estadual por São Paulo Guto Zacarias (União Brasil).
O site, que contabiliza os gastos de Janja, logo ganhou atenção pública e se tornou um símbolo da insatisfação popular com o uso de recursos públicos pela primeira-dama.
O deputado, em sua página, registra não apenas os gastos com viagens e assessores, mas também eventos polêmicos. Como o Janjapalooza e as atividades relacionadas ao G20, com o qual Janja esteve diretamente envolvida.
Segundo Zacarias, o site já havia contabilizado mais de R$ 63 milhões gastos até o momento da divulgação. A iniciativa de Zacarias gerou forte repercussão, mas também desagradou a primeira-dama, que bloqueou o deputado em suas redes sociais após o lançamento da plataforma.
“A Janja ficou pistola comigo!”, escreveu Zacarias em suas redes, comentando sobre o episódio.
O “Janjapalooza” e o G20
O evento mais comentado foi o Janjapalooza. Contudo, promovido no contexto da Cúpula do G20, que aconteceu no Rio de Janeiro.
Esse festival, cuja organização contou com a ajuda da Itaipu Binacional (onde Janja foi funcionária entre 2005 e 2020), teve um custo de 15 milhões de reais, pagos pela estatal.
O evento foi um dos pontos de maior crítica, não apenas pelo valor gasto, mas também pelo fato de Janja se tornar a principal divulgadora nas redes sociais. Dessa forma, o que acabou elevando ainda mais os gastos de comunicação pública.
A interação da primeira-dama com o evento também foi destacada no Janjômetro, que foi taxativo em seus registros. Assim, criando um ambiente de confronto entre aqueles que defendem sua atuação e os críticos que questionam a conveniência de tais gastos em um momento de crise econômica.
Questionamentos ao Governo
Esses episódios levantam questionamentos sobre os limites do poder da primeira-dama e sobre a relação entre suas atividades e os recursos públicos.
Em um momento de recuperação econômica, em que a população enfrenta uma alta carga de impostos e uma crise social prolongada, os gastos da equipe informal de Janja geram desconforto entre muitos setores da sociedade.
A presença de uma equipe tão numerosa e os custos de viagens, somados às polêmicas envolvendo o Janjapalooza e o Janjômetro, contribuem para um cenário de crescente desconforto no governo.
Enquanto o governo de Lula segue tentando articular uma agenda de retomada econômica e social, os altos custos atribuídos a Janja e seu círculo de assessores podem continuar gerando desgaste político. Especialmente diante de uma opinião pública cada vez mais atenta e vigilante sobre os rumos do uso de recursos públicos.