- A Getty Images anunciou a compra da Shutterstock por US$ 3,7 bilhões, unindo suas bibliotecas de fotos, vídeos e ilustrações com a plataforma colaborativa da concorrente
- Após a fusão, o CEO da Getty Images, Craig Peters, permanecerá no cargo da nova empresa, que será controlada majoritariamente pelos acionistas da Getty
- A fusão, embora positiva para o mercado, enfrentará análise antitruste rigorosa, mas promete reduzir custos e aumentar a rentabilidade, aproveitando as mudanças tecnológicas no setor de conteúdo visual
A Getty Images Holdings anunciou nesta terça-feira (7) os detalhes de sua aquisição da concorrente Shutterstock. Em um acordo que cria uma nova gigante do setor de conteúdo visual licenciado, avaliada em cerca de US$ 3,7 bilhões, incluindo dívidas.
A transação marcará a fusão de duas das principais plataformas de fotos, ilustrações e vídeos, em um momento crítico para a indústria. Contudo, que passa por transformações impulsionadas pela inteligência artificial e pelo uso crescente de câmeras de celular.
Pelo acordo, a Getty Images pagará aproximadamente US$ 28,85 em dinheiro ou cerca de 13,67 ações de sua própria companhia para cada ação da Shutterstock.
Os acionistas da Shutterstock terão a opção de receber um pagamento em uma combinação de dinheiro e ações da Getty. A transação envolve o pagamento de US$ 331 milhões em dinheiro e 319,4 milhões de ações da Getty Images.
Após o fechamento do negócio, os acionistas da Getty Images controlarão cerca de 54,7% da nova empresa combinada. Enquanto os acionistas da Shutterstock ficarão com os 45,3% restantes.
Craig Peters lidera a nova companhia
O CEO da Getty Images, Craig Peters, manterá o cargo na nova empresa, que combinará as vastas bibliotecas de conteúdo visual da Getty com a plataforma pesquisável e colaborativa da Shutterstock.
A união cria uma plataforma mais robusta para atender à crescente demanda de imagens, vídeos e ilustrações por parte das indústrias de mídia, publicidade e criação de conteúdo.
Relevância estratégica em um mercado em transformação
A fusão é particularmente relevante em um momento de rápidas mudanças no mercado de conteúdo visual.
A inteligência artificial vem transformando a criação de imagens e vídeos, enquanto as câmeras de celulares têm contribuído para a saturação do mercado de fotos de estoque.
A combinação da Getty Images, com sua enorme coleção de imagens, e da Shutterstock, com sua plataforma que permite que os colaboradores enviem e compartilhem conteúdo, pode gerar uma sinergia que traga benefícios tanto em termos de inovação quanto de eficiência operacional.
Mercado em queda e reação positiva
Antes do anúncio da fusão, tanto a Getty Images quanto a Shutterstock enfrentavam quedas substanciais em seus valores de mercado.
A Getty Images, que tem cerca de US$ 1,4 bilhão em dívidas, perdeu cerca de 73% de seu valor desde que se tornou pública em julho de 2022. Enquanto a Shutterstock caiu cerca de 50% no mesmo período.
Contudo, após a divulgação da fusão, as ações da Shutterstock dispararam até 44% nas negociações pré-mercado. E, as da Getty subiram impressionantes 100%, refletindo a confiança do mercado na potencialização dos resultados da nova companhia.
Riscos antitruste e o futuro da fusão
A fusão, no entanto, não está isenta de desafios. A união de duas grandes empresas do setor pode atrair um intenso escrutínio dos reguladores antitruste. Especialmente em um ambiente de supervisão mais rigorosa, como o promovido pela administração de Joe Biden.
O acordo será um teste importante para ver como os reguladores antitruste da administração de Donald Trump reagirão a fusões em indústrias concentradas, como é o caso do setor de conteúdo visual.
Ainda assim, os negociadores permanecem otimistas de que a fusão passará pela análise regulatória com mais facilidade. Dado o impacto que a inteligência artificial e a tecnologia digital têm provocado no setor, o que pode justificar uma abordagem mais branda por parte dos órgãos reguladores.
A Getty Images, com sede em Seattle, é uma empresa histórica, cofundada em 1995 pela família Getty. Que atualmente controla cerca de 43% das ações em circulação da companhia.
Histórico da Getty Images e movimentações estratégicas
A Getty Images tem uma trajetória de mudanças em sua estrutura acionária ao longo dos anos.
A empresa foi adquirida e vendida por diferentes grupos ao longo do tempo, incluindo a Hellman & Friedman, que a tornou privada em 2008. E, o Carlyle Group Inc., que a comprou quatro anos depois.
Em 2018, a família Getty reassumiu o controle da empresa, antes de decidir em 2021 fundir a Getty com uma empresa de cheque em branco. Dessa vez, apoiada pela CC Capital e Neuberger Berman.
O JPMorgan Chase & Co. e a Berenson & Co. atuaram como consultores financeiros da Getty Images, enquanto a Allen & Co. foi a consultora financeira da Shutterstock no processo de fusão.