Crescente oposição

Grandes empresas encerram programas de diversidade no mundo

Amazon briga com gigantes do Varejo
Amazon briga com gigantes do Varejo
  • As empresas ajustam suas políticas de diversidade em resposta à oposição conservadora e mudanças legais nos EUA
  • A reação de grupos conservadores e a decisão da Suprema Corte sobre a ação afirmativa influenciam a redução dos programas de DEI
  • A Meta se aproxima do conservadorismo, nomeando aliados republicanos e financiando iniciativas de Donald Trump

Nos últimos meses, grandes empresas dos Estados Unidos, como Meta e Amazon, começaram a revisar e reduzir significativamente seus programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). Contudo, um reflexo das mudanças no cenário político e legal do país.

Essas ações ocorrem em um momento de intensificação da oposição conservadora às iniciativas de diversidade, que ganharam força após os protestos de 2020 contra o racismo sistêmico e a brutalidade policial nos Estados Unidos.

Meta encerra programas de diversidade

A Meta, empresa controladora do Facebook e Instagram, anunciou na última sexta-feira (10) o fim de diversos programas DEI, que envolviam contratação, treinamento e escolhas de fornecedores, além de uma revisão em suas políticas internas.

A decisão marca o fechamento de um ciclo iniciado após os protestos contra os assassinatos de George Floyd e outros casos de violência policial contra negros nos Estados Unidos. No entanto, que resultaram em uma pressão crescente para que empresas adotassem práticas mais inclusivas e diversificadas.

De acordo com a Meta, as mudanças são uma resposta ao clima legal e político atual nos Estados Unidos, especialmente após a Suprema Corte do país derrubar a ação afirmativa nas universidades em 2023. Portanto, uma decisão que enfraqueceu os esforços de diversidade e gerou críticas dos conservadores.

A vice-presidente de Recursos Humanos da Meta, Janelle Gale, afirmou em um comunicado interno que as mudanças nas políticas legais nos Estados Unidos indicam uma nova abordagem para a diversidade nas empresas.

Segundo Gale, os programas de DEI se tornaram “carregados” e, em alguns casos, mal interpretado. Assim, como “práticas de tratamento preferencial”, gerando divisões em vez de promover a inclusão.

Além disso, a Meta tem adotado ações que sinalizam uma aproximação com setores mais alinhados ao pensamento conservador.

Em um movimento recente, a empresa nomeou Joel Kaplan, um importante aliado republicano, para o cargo de diretor de assuntos globais. Além de convidar Dana White, presidente do UFC e amigo próximo de Donald Trump, para o seu conselho.

A Meta também contribuiu com US$ 1 milhão para o fundo inaugural de Trump. Contudo, destacando uma clara mudança de postura política.

Amazon segue a mesma tendência

A Amazon, gigante do comércio eletrônico, também anunciou a redução de seus programas de diversidade e inclusão.

Em um memorando enviado aos funcionários no final de dezembro, a empresa informou que estava encerrando “programas e materiais desatualizados” relacionados à diversidade, com planos de concluir o processo até o final de 2024.

A decisão reflete um movimento mais amplo entre grandes empresas de tecnologia e setores privados. Dessa forma, em resposta ao “crescente ativismo conservador” contra as iniciativas de DEI.

Mudança no panorama político dos EUA

As modificações nas políticas de diversidade e inclusão da Meta e da Amazon acontecem em um contexto de crescente oposição de grupos conservadores, que questionam a efetividade e os impactos desses programas nas empresas e na sociedade.

Além disso, as mudanças legais, como a decisão da Suprema Corte sobre a ação afirmativa, têm alimentado um debate sobre a constitucionalidade e a justiça das práticas de diversidade.

Especialistas observam que o momento político e legal está moldando as estratégias de grandes corporações. Que, por sua vez, precisam equilibrar a pressão política interna com a responsabilidade social.

Para as empresas, a questão vai além da adoção de políticas inclusivas, passando pela necessidade de se adaptar a um clima cada vez mais polarizado. E, ainda, aos novos desafios impostos por uma possível volta de Donald Trump à presidência.

Reações conservadoras e impacto no mercado

Com o retorno da oposição conservadora à cena política americana, liderada por figuras como Trump, empresas que adotaram práticas de DEI no passado agora enfrentam uma pressão para reconsiderar ou até mesmo encerrar essas iniciativas.

Para muitos, os programas de diversidade e inclusão são vistos como um reflexo das mudanças sociais pós-protestos de 2020. Mas, também, como um alvo fácil para críticas de que promovem discriminação reversa e tratam grupos de forma desigual.

No entanto, à medida que as grandes corporações como Meta e Amazon fazem ajustes em suas políticas. E, assim, o impacto no mercado de trabalho e na cultura empresarial ainda é incerto.

Enquanto essas empresas continuam a procurar maneiras de equilibrar os interesses políticos e sociais, o debate sobre a eficácia das políticas DEI nos Estados Unidos está longe de ser resolvido.

Com o cenário político em constante evolução e o crescente número de vozes conservadoras influenciando o debate sobre inclusão e diversidade, resta saber qual será o futuro das políticas DEI nas grandes corporações. E, ainda, como isso afetará tanto os funcionários quanto os consumidores nos próximos anos.

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