Nos próximos três anos, aproximadamente 60% dos CEOs de hospitais planejam aumentar os investimentos em tecnologia, segundo pesquisa da Deloitte. A área da saúde vive uma transformação tecnológica que deve se intensificar à medida que as demandas por serviços personalizados aumentam.
O uso da Inteligência Artificial (IA) tem sido um dos focos dos investimentos no setor. De acordo com estudo da Allied Market Research, é esperado um crescimento anual de 41,7% no mercado de IA em saúde. Além de otimizar os processos operacionais dentro dos hospitais, a tecnologia possibilita o aprimoramento dos diagnósticos.
Uma das suas aplicações pode ser observada no diagnóstico precoce de câncer de mama. Pesquisadores do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência da Computação (CSAIL) do MIT desenvolveram, recentemente, um modelo de aprendizado capaz de prever, a partir de uma mamografia, se a paciente desenvolverá a doença nos cinco anos seguintes.
A Internet das Coisas Médicas (IoMT) também tem se destacado na gestão de doenças crônicas e no monitoramento contínuo de pacientes. O médico e pesquisador Eric Thuler, da Universidade da Pennsylvania, explica que essa tecnologia é capaz de detectar alterações nos sinais vitais de pacientes crônicos antes que sua condição se agrave, possibilitando medidas preventivas para intervir e evitar complicações mais sérias.
Com o monitoramento em tempo real de dados do paciente, esses dispositivos otimizam a rotina na área da saúde, conforme a International Data Corporation (IDC), que estima uma redução de até 30% do tempo dos profissionais.
Além disso, a segurança das informações é uma prioridade no uso da IoMT. Dados sensíveis são protegidos por criptografia, autenticação e controle de acessos, assegurando a integridade e a privacidade das informações, fortalecendo a confiança de profissionais e pacientes em relação à tecnologia.
Segundo estimativa da McKinsey, a IoT (Internet das Coisas), incluindo a IoMT, poderá gerar entre US$ 5,5 trilhões e US$ 12,6 trilhões em valor global até 2030. Apenas o setor de saúde humana representa entre 10% e 14% deste potencial econômico.
Telemedicina segue em crescimento
Nos últimos anos, a telemedicina se consolidou como uma modalidade de atendimento no setor de saúde. Durante a pandemia da Covid-19, houve aumento no uso desse recurso, com o número de atendimentos crescendo mais de 1.000% em 2020, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM).
O avanço transformou o cenário da assistência médica e, de acordo com estimativas da Global Market Insights, o mercado global de telemedicina deve alcançar US$ 175,5 bilhões até o próximo ano.
Transplante de órgãos registra avanços com a tecnologia
Além disso, o transplante de órgãos no Brasil também tem sido beneficiado com a integração tecnológica. Uma das inovações mais recentes é a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (Aedo), ferramenta digital desenvolvida em parceria pelo Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Justiça e Colégio Notarial do Brasil.
O sistema permite que qualquer pessoa registre em cartório, de maneira gratuita, e on-line, seu desejo de doar órgãos após a morte. As famílias podem acessar o sistema para confirmar a vontade do ente falecido em ser doador.
Setor ainda enfrenta desafios
Embora a tecnologia tenha avançado nos últimos anos, a adoção de inovações na saúde ainda enfrenta uma série de barreiras. Em entrevista à imprensa, o diretor da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), Luís Gustavo Kiatake, afirma que considera como um dos principais desafios a interoperabilidade entre os sistemas.
Ele explica que, frequentemente, eles são desenvolvidos de forma independente, dificultando a troca de informações de pacientes entre diferentes instituições de saúde. Ele também destaca que o ritmo acelerado dos avanços na tecnologia médica, muitas vezes, ultrapassa a capacidade da regulamentação de acompanhar essas mudanças.
“Existe, naturalmente, uma dependência de avanços regulatórios, e dentre eles o mais impactante é a tramitação do projeto de Lei 5875/2013, que estabelece regras e plataformas para a troca de dados em saúde. Esse projeto já foi aprovado no Senado Federal e tramita na Câmara dos Deputados, o que traz grande expectativa para evolução ainda este ano”, destaca Kiatake.