- Controladores da JBS estão em conversas para comprar 50% do Grupo Petrópolis, em recuperação judicial
- A entrada dos Batista pode desafiar o domínio da Ambev, afetando seu poder de precificação e lucros
- A notícia gerou queda de 1% nas ações da Ambev, refletindo o receio do mercado sobre a maior competição
A entrada dos irmãos Batista, donos da gigante JBS (JBSS3) e da holding J&F, no mercado de cervejas pode estar prestes a acontecer. De acordo com informações publicadas pelo colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo“, os empresários estão em conversas iniciais para adquirir uma fatia de 50% do Grupo Petrópolis, atual detentor de marcas como Itaipava, Crystal, Petra e Black Princess.
O grupo, que possui uma participação de 12% no mercado brasileiro de cervejas, está em recuperação judicial desde 2022. Contudo, o que pode abrir portas para novos investidores interessados em reestruturar e alavancar o crescimento da companhia.
A aquisição
Se confirmada a negociação, a aquisição da fatia do Grupo Petrópolis pelos irmãos Batista pode ter implicações significativas para o setor de bebidas alcoólicas no Brasil.
A Ambev (ABEV3), maior empresa de cervejas do país, pode ser uma das mais afetadas, uma vez que a movimentação aumentaria a competitividade no mercado. No entanto, que atualmente conta com a gigante brasileira dominando dois terços das vendas.
Nesse contexto, a possibilidade de um novo player forte disputando o mercado pode impactar a capacidade da Ambev de manter seu poder de precificação. Além de gerar lucro de maneira sustentável.
A possível entrada dos Irmãos Batista
O Grupo Petrópolis tem enfrentado dificuldades financeiras nos últimos anos e, desde o pedido de recuperação judicial, tem adotado estratégias agressivas para retomar sua posição no mercado.
A empresa tem se destacado pela elevação constante dos preços, o que, segundo analistas, pode indicar um movimento para criar um equilíbrio mais disciplinado entre os preços das cervejas. Especialmente, em um cenário onde a concorrência é bastante acirrada.
De acordo com a equipe de análise do BTG Pactual, a possibilidade de a JBS/holding J&F adquirir uma fatia relevante do Grupo Petrópolis traz à tona um risco que muitos investidores ainda não haviam considerado.
A entrada dos irmãos Batista nesse mercado pode afetar o status quo atual, especialmente em um setor como o de bebidas. Contudo, que em mercados maduros, como o brasileiro, é caracterizado por um monopólio ou duopólio bem estabelecido.
A Ambev, que tem dominado o mercado de cervejas por mais de 15 anos, pode ter que lidar com uma concorrência renovada. E, ainda, com um competidor robusto como o Grupo Petrópolis, que tem uma marca forte e uma rede de distribuição eficiente.
Impacto na Ambev: Novo desafio à frente
O cenário descrito por analistas indica que a entrada de novos investidores no mercado pode representar um desafio significativo para a Ambev.
A análise da BTG aponta que, por muito tempo, a Ambev teve a capacidade de controlar o mercado por meio do seu poder de precificação. Especialmente após a aquisição da Brasil Kirin pela Heineken, em 2016.
Contudo, a expansão do Grupo Petrópolis e sua recuperação após a crise financeira pode resultar em uma competição mais forte. Dessa forma, o que prejudicaria a sustentabilidade do lucro da Ambev no longo prazo.
Se a JBS e a holding J&F realmente adquirirem a participação no Grupo Petrópolis, o aumento da concorrência pode forçar a Ambev a adotar novas estratégias comerciais e de precificação para manter seu domínio.
Nesse cenário, a indústria de cervejas no Brasil se tornaria mais dinâmica, com a Ambev enfrentando não apenas a Heineken, mas também um concorrente local fortalecido. Para o mercado financeiro, isso representa um risco considerável, pois pode alterar as perspectivas de crescimento da gigante cervejeira.
O que esperar do novo cenário?
Ainda que a negociação entre os irmãos Batista e o Grupo Petrópolis seja considerada altamente especulativa neste momento, a notícia já começa a movimentar o mercado.
Na manhã desta segunda-feira (20), as ações da Ambev registraram uma queda de cerca de 1%. Assim, refletindo a apreensão dos investidores sobre o impacto que esse possível movimento pode ter no setor.
O BTG Pactual destaca que, embora ainda existam poucos detalhes sobre o processo, a possibilidade de um novo player forte no mercado brasileiro de cervejas pode mudar o panorama de forma substancial.
Com o Grupo Petrópolis buscando recuperação e a JBS/holding J&F interessada em expandir sua presença no setor, a competição entre Ambev, Heineken e o novo concorrente pode tornar-se mais acirrada.
Além disso, a entrada de capital e a melhoria na distribuição e no portfólio do Grupo Petrópolis podem criar um cenário em que o poder de precificação da Ambev seja desafiado, alterando as dinâmicas de mercado que vinham sendo observadas nos últimos anos.
Enquanto isso, o mercado de cervejas no Brasil parece estar em um momento decisivo, com a competição aumentando e as grandes empresas se preparando para responder a uma nova realidade.
A única certeza é que, em um mercado tão consolidado, qualquer mudança de grande porte pode gerar reações rápidas e inesperadas. Aguardar para ver como essa negociação se desenrola será fundamental para entender as novas perspectivas de crescimento e desafios no setor de bebidas no Brasil.